Depois de meses de negociação com o Credit Suisse e o UBS, a Verde Asset Management acaba de fazer o closing da transação pela qual a Lumina Capital Management adquiriu 25% da gestora de Luis Stuhlberger.
“Começamos negociando com um banco suíço e terminamos com outro,” Stuhlberger disse ao Brazil Journal. “Mas estamos felizes que tudo terminou bem e de uma forma muito amigável. Nossa relação com o UBS vai continuar muito boa e o private deles vai continuar distribuindo os fundos da Verde.”
A Lumina, a gestora de special sits de Daniel Goldberg, fez o investimento na Verde por meio de um veículo de capital permanente – ou seja, sem um prazo que a obrigue a vender o ativo – misturando capital de clientes e do próprio Goldberg.
A Verde tem R$ 25 bilhões sob gestão. A Lumina, fundada em janeiro de 2022, tem US$ 1,5 bilhão em estratégias que envolvem crédito estruturado, equities, distressed e legal claims.
O maior acionista da Verde hoje continua sendo Stuhlberger com 51% do capital. Seus sócios que trabalham na gestora têm os outros 24% – o maior deles é Luiz Parreiras, que trabalha com Stuhlberger há 20 anos.
Os desdobramentos da transação – que une dois dos gestores mais respeitados do País – serão acompanhados de perto pela Faria Lima, em meio a um mercado brutal para a indústria de multimercados e aos saques substanciais que a Verde sofreu nos últimos anos.
Em grande medida, o sucesso desse casamento será medido pela capacidade da Verde de voltar a ter uma performance robusta e expandir o número de estratégias a partir da cooperação entre as duas equipes.
Mesmo antes da transação ser finalizada, a Lumina já começou a dar à Verde acesso a suas estratégias de crédito, que já compõem 8% da estratégia de crédito do fundo Verde – que por sua vez representa 16% da alocação total do fundo.
Goldberg disse que os times têm muito espaço para cooperação. “Tem coisas que o time de equities deles acha interessante mas não pode fazer por liquidez, e a Lumina pode olhar, como por exemplo um PIPE. Já a Lumina pode encontrar uma debênture de infraestrutura que tem yield um pouco baixo para o nosso portfólio, mas que pode ser interessante para a Verde,” disse ele.
No último fim de semana, enquanto estruturavam um investimento com exposição a real estate residencial na Alemanha, a equipe da Lumina usou o time macro da Verde para entender a situação da economia do país e as implicações para o setor imobiliário.
Os dois sócios disseram que ainda não sentaram para discutir novos produtos,
“Nenhum de nós tem muito a cabeça de ‘produto’,” disse Goldberg. “A pergunta é: como fazemos para criar o melhor portfólio de estratégias e soluções de capital ajustadas para o risco dos nossos cotistas? Resolvendo essa pergunta básica, o resto se resolve.”
Este não é um casamento entre estranhos. Goldberg, Stuhlberger e Parreiras se frequentam e se falam há décadas, e os valores em comum facilitaram muito a transação.
Stuhlberger disse que a Verde “ganhou na loteria” ao firmar a sociedade com Goldberg. “É um sócio dos sonhos para a Verde e um sócio que pode levar a gestora para os próximos anos,” disse ele.
Goldberg refletiu sobre o valor e a resiliência da franquia da Verde — depois de um ciclo de liquidez em que muitos participantes do mercado se cansaram de pagar pelo hedge e foram buscar alfa em outras estratégias.
“O Luis e seus sócios têm uma cultura de modéstia que os impede de discutir o principal valor dessa franquia, que é você ter um fundo macro que não perde dinheiro quando as coisas vão bem e ganha bastante dinheiro em períodos de crise – tudo isso enquanto oferece liquidez. Este é um atributo raro de achar em qualquer fundo macro em todos os países que eu acompanho.
Em tempos de bonança, as pessoas vão esquecendo isso. Mas aí vem os períodos de crise… O problema do Brasil não é a corrida — são os tropeços.
Você está cansado de ver ‘a melhor gestora do ano’, ‘a grande estratégia da moda’, ‘a grande posição que deu aquela pancada’… Mas no longo prazo, o que demarca uma estratégia de sucesso tem muito mais a ver com a ausência de tropeços do que com os acertos, e tem a ver com o timing dos tropeços e acertos. Se você perde igual a todo mundo na crise e ganha igual a todo mundo quando as coisas vão bem, isso tem muito menos valor do que preservar valor quando todo mundo ganha e ganhar quando o mercado cai.
Agora, fazer isso e ainda oferecer liquidez ao cliente é muito difícil. O Luis é um dos poucos gestores do Brasil que fala de ‘hedge’ e realmente vai fundo, que está disposto a pagar carrego quando vale a pena e faz sentido pagar. Isso eu acho que é extremamente atrativo na franquia, e eu me identifico. O que vale é o retorno do longo prazo. Pensar nas posições que fazem sentido ajustados ao risco para compor retorno.”