As notícias da morte da indústria da música foram evidentemente exageradas. O faturamento deve crescer 7,3% ao ano até 2030, de acordo com estimativas da Goldman. 

Mas, para os investidores, esse é um mercado cujo valor é difícil de ser capturado, já que não há muitos ativos negociados em Bolsa. 

Agora, um ETF que acaba de ser lançado promete ser o veículo ideal para investidores interessados em se expor a esse mercado. 

O MUSQ Global Industry, negociado na NYSE sob o ticker MUSQ, foi criado por David Schulhof, um veterano da indústria da música e dos investimentos. 

No cálculo do índice entram empresas de diversos segmentos que movimentam essa indústria ou que orbitam ao redor dela. Há companhias de streaming – como o Spotify; donas de grandes catálogos, como a Warner e a Universal; e produtoras de shows e plataformas de venda de ingressos, como a Live Nation; além de fabricantes de equipamentos musicais como a Sonos e até rádios. 

E para apimentar — ou garantir — o retorno potencial, o ETF incluiu também a Apple, Alphabet e Amazon.

Praticamente metade dos ativos são de empresas fora dos EUA, e 17% das companhias do ETF são da Coréia do Sul, graças ao fenômeno K-pop. 

(A propósito: em setembro o ETF KPOP & Korean Entertainment, dedicado à música pop coreana, estreou na Bolsa e atraiu quase US$ 3 bilhões. O ETF está de lado desde a estreia.)

Schulhof traz no currículo a experiência de ter trabalhado na EQM Indexes, dedicada a criar ETFs “inovadores”, entre eles um de justiça social e um de “bad companies” (empresas de apostas, álcool, cannabis e drogas). A firma, aliás, é a gestora do MUSQ. 

“A música é algo indispensável às nossas vidas,” o executivo disse à Barron’s. “É como a comida ou a água. Por isso deve fazer parte de um portfólio.” 

Na reabertura pós-covid, a demanda por shows está explodindo; Taylor Swift é apenas o exemplo mais ruidoso. Até mesmo bandas que já haviam anunciado a aposentadoria mais de uma vez, como o Grateful Dead, voltaram à vida para uma final tour. 

Os preços dos ingressos estão nas alturas. Ao mesmo tempo, os streamings reajustaram seus preços, ganharam assinantes e aumentaram o faturamento. As ações do Spotify sobem 73% nos últimos 12 meses – mas a US$ 180/ação, a companhia ainda vale metade do que valeu no high da pandemia. 

Segundo Schulhof, se estivesse negociado desde janeiro, o novo índice estaria ganhando 20% este ano. 

Para os analistas da Goldman, a indústria da música está prestes a passar por uma nova transformação estrutural, tendo em vista seu histórico de baixa monetização do conteúdo e as possibilidades abertas pelas novas tecnologias. 

O problema: segundo o Financial Times, o histórico sugere que, na média, estes ETFs temáticos acabam não tendo uma performance estelar — “em parte porque, quando eles chegam ao mercado, a festa já acabou.”