O mercado de relógios pode ser dividido em quatro categorias: os produtos massificados, de marcas como Technos, Mormaii e Magnum; as fashion brands, como Tommy Hilfiger, Lacoste e Diesel; marcas tradicionais e centenárias, como a Seiko; e as marcas de luxo como Richard Mille, Patek Phillipe e Rolex.
Agora, um empreendedor brasileiro está tentando criar uma quinta categoria, posicionando sua marca — a ACTO Watches — no meio do caminho entre as tradicionais e as de luxo.
“Queremos entregar um produto próximo ao das marcas de luxo em termos de qualidade e design, mas com um preço abaixo, mais perto das marcas tradicionais,” o fundador Thiago Chiká disse ao Brazil Journal.
Os relógios da ACTO custam de R$ 5 mil a R$ 15 mil e apostam num design arrojado — muitas vezes remetendo a temas ligados ao Brasil. Os lançamentos são limitados e numerados, criando a sensação de exclusividade e escassez.
Segundo o fundador, os best-sellers são o AS01 Angra, inspirado nas paisagens de Angra dos Reis; e o A003B, cujo design foi assinado por Erich Shibata, um designer de jatos executivos e um entusiasta de carros e relógios.
Fundada em 2020, a ACTO vai faturar cerca de R$ 8 milhões este ano apenas com a venda online.
A startup opera no breakeven desde o primeiro ano, e em 2025 espera faturar entre R$ 15 milhões e 20 milhões. O crescimento virá da expansão do mix de relógios, da entrada em joias, e da abertura de pelo menos uma loja num grande shopping de São Paulo.
“Também queremos começar a internacionalizar a marca, vendendo nossos relógios para países como os Estados Unidos e a Arábia Saudita,” disse o fundador.
Os planos serão financiados com uma captação que acaba de ser concluída. Thiago vendeu uma participação minoritária na ACTO ao empresário José Gonzales Sendeski, que conheceu a marca como cliente e cuja família controla a Perfileve, uma fabricante de produtos de alumínio no Paraná.
A captação avaliou a empresa em R$ 27 milhões.
Thiago criou a ACTO sozinho quando tinha 21 anos — mas contou com a ajuda do pai, um empreendedor que fundou uma fabricante de couro na China e depois vendeu o negócio para a JBS.
“Toda a parte de importação, de como procurar os fornecedores, foi o meu pai que me ensinou,” disse ele. “Eu fui com ele e meu tio para a China algumas vezes e visitamos vários fornecedores internacionais.”
Thiago importa todas as peças e monta os relógios no Brasil, numa fábrica terceirizada em Manaus.
Segundo ele, boa parte do sucesso da marca tem a ver com a estratégia de marketing.
“Acho que a ACTO chamou muita atenção pelo nosso modelo de lançamentos. Hoje até temos alguns produtos permanentes, mas sempre fazemos lançamentos com números limitados e edições numeradas, o que cria um desejo maior nas pessoas e um fear of missing out,” disse ele.
A ACTO também tem apostado no patrocínio de atletas brasileiros.
A marca patrocina os tenistas Gustavo Heide, o número 173 do ranking mundial, e Rafael Matos, o número 36 nas duplas; além de Felipe Navarro, o brasileiro mais bem ranqueado no golfe; e dos pilotos de Stock Car Bruno Baptista e Arthur Leist.
Segundo Thiago, a ideia é transformar a marca num símbolo de conquista, “inspirando as pessoas a buscarem o que é seu.”