A Prada finalizou hoje a compra da Versace por € 1,25 bilhão, numa transação que cria uma holding de grifes italianas com potencial de competir com as francesas LVMH e Kering — mas que deve dar dor de cabeça ao management antes de entregar bons resultados.
O acordo foi finalizado com um desconto de 17% em relação aos € 1,5 bi especulados em março, e de 30% sobre os € 1,8 bi que a Capri — a empresa que controla marcas como Michael Kors e Jimmy Choo — havia pago pela Versace em 2018.
Para além de ter sido afetada por uma queda generalizada no consumo global de luxo, a Versace tem reportado receitas em queda e teve prejuízo operacional no último ano fiscal.
“A jornada será longa e exigirá execução disciplinada e paciência,” Andrea Guerra, o CEO da Prada, disse ao Business of Fashion.
Lorenzo Bertelli — o filho mais velho da estilista Miuccia Prada e do empresário Patrizio Bertelli, que juntos detêm 80% da empresa — acompanhará a combinação das operações de perto e será o chairman da Versace.
A Prada deseja aproveitar sua cadeia de suprimentos mais eficiente, rede de varejo e alcance global para recuperar a operação da Versace sem destruir a autenticidade da marca.
“Eles deveriam restabelecer a Versace como uma marca premium em vez de depender de outlets, o que sempre foi um risco de ser administrada pela Capri”, Erwan Rambourg, um analista do HSBC, disse ao BoF. “Mas sair dos outlets não será bom inicialmente para as vendas ou para as margens de lucro. Os próximos 12 meses serão difíceis.”
Mas se a gestão conseguir resolver a parte financeira, os analistas apostam que a estética minimalista da Prada e a “maximalista” da Versace têm potencial para funcionar de forma complementar no portfólio da empresa.
Ainda não está claro se Donatella Versace, que estava atuando como embaixadora da marca que criou, terá algum papel na operação.
Listada em Hong Kong, a ação da Prada recuou 0,8% hoje e cai 30% desde as primeiras especulações sobre a compra em março.
A empresa vale € 13 bilhões na Bolsa.











