Comprou um Rolex ou um Patek e está pensando em vendê-lo?
O timing não é dos melhores.
O preço dos relógios de luxo no mercado secundário caiu entre 7% e 8% no terceiro tri deste ano — acumulando a segunda queda trimestral consecutiva, mostra um levantamento da WatchCharts analisado pelo Morgan Stanley.
Desde o pico, em março deste ano, os preços já caíram 21% para os Rolex usados, 19% para os Patek Philippe, e 15% para os Audemars Piguet. (As três marcas são as mais líquidas do mercado, respondendo por mais de 70% de tudo que foi transacionado no período).
“Parece que a queda no mercado secundário dessas três grandes marcas é principalmente uma função da normalização dos preços, já que as três tiveram a maior apreciação nos últimos dois anos e agora estão vendo seus ganhos extraordinariamente altos sendo erodidos,” escreveu o analista Edouard Aubin, do Morgan Stanley.
A correção nas três marcas levou junto praticamente todo o mercado, com as chamadas marcas ‘mid-level’ (como Panerai e Omega, cujos modelos usados têm preços entre US$ 3.000 e US$ 10.000) caindo na mesma magnitude.
As únicas marcas cujos preços subiram no trimestre foram a Lange & Söhne (+3%), Girard-Perregaux (+5%) e Bulgarihave (+1,4%).
Apesar da queda, o Morgan Stanley defendeu os relógios de luxo como uma classe de ativo resiliente, e disse que, apesar da tendência negativa provavelmente continuar no quarto tri, “por enquanto, não há razão para alarme.”
E oferece três motivos. O primeiro é que todas as classes de ativos caíram este ano, mas o mercado de relógios de luxo usados caiu menos. O segundo: em termos históricos, os preços dos relógios usados estão em níveis saudáveis em comparação aos dos relógios novos.
Por fim, o Morgan Stanley diz que a contração de preços tem sido “controlada” considerando o aumento dramático na oferta: o inventário total de relógios das três maiores marcas quase dobrou no mercado secundário de janeiro a setembro.
A correção vem depois de um bull market duradouro neste mercado: o preço médio dos relógios usados de luxo mais que dobrou de 2017 até março deste ano, com a alta ganhando tração significativa no começo de 2020, um efeito da pandemia.
(A explicação do Morgan Stanley é que a covid aumentou a geração de riqueza de alguns estratos da sociedade e também aumentou o apetite de investidores por relógios e colecionáveis).
“Suspeitamos que a correção inicial do mercado secundário pode ter afetado o sentimento entre os traders de relógios – num mercado que hoje é muito mais especulativo do que era no pré-pandemia,” escreveu o analista. “Segundo vários participantes da indústria, alguns especuladores estão tentando ‘cash out’ com medo de uma correção mais forte.”