O Nubank reportou mais um trimestre com um lucro líquido crescente e um ROE de gente grande — mas mostrou sinais de piora na qualidade de seus ativos, com um aumento relevante na inadimplência. 

O papel chegou a cair 5% no after market em Nova York logo após a divulgação, mas depois recuperou e agora sobe 1,3%. 

O banco do cartão roxo teve um lucro líquido de US$ 379 milhões, com um ROE de 23%. O bottom line veio acima do consenso Bloomberg, que projetava um lucro de US$ 336 milhões. 

O ROE foi igual ao do quarto tri — apesar da sazonalidade negativa do primeiro trimestre. 

O CFO Guilherme Lago disse ao Brazil Journal que a carteira de crédito do Nubank também continuou subindo de forma acelerada, expandindo 11% na comparação trimestral para US$ 19,6 bilhões. (No tri anterior, a expansão havia sido de 14%).

O maior crescimento veio dos empréstimos pessoais, cuja carteira cresceu 25% para US$ 4,5 bilhões. A carteira do cartão de crédito que remunera juros cresceu 18% para US$ 5,2 bilhões, e a do cartão de crédito que não remunera juros, 3%, para US$ 9,9 bilhões.

O crescimento no cartão de crédito veio num trimestre de queda nesse tipo de empréstimo no Brasil (-2%) e em que os quatro bancos incumbentes reduziram suas carteiras nesse produto em 3%, em média. 

Isso significa que o Nubank ganhou market share no produto. Lago disse que a estimativa é que o Nubank já seja o segundo maior emissor de cartões do Brasil, atrás apenas do Itaú, com um share de 15%. 

Apesar dos avanços, o Nubank viu uma piora relevante na qualidade de seus ativos, com a inadimplência de curto prazo (o NPL 15-90 dias) subindo de 4,1% para 5%, e a de médio prazo (o NPL 90 dias) subindo de 6,1% para 6,3%.

O CFO disse que parte dessa alta tem a ver com a sazonalidade negativa: no NPL 15-90 dias a sazonalidade apontava para uma alta de 80 basis points, segundo ele, em comparação aos 90 bps que o banco entregou. No NPL 90 dias, a sazonalidade apontava para uma estabilidade, em comparação à alta de 20 bps. 

“Tem também um fator de mix da carteira,” disse Lago. “A participação do crédito pessoal na nossa carteira tem aumentado tri a tri e esse é um produto que tem uma inadimplência estrutural maior que o cartão de crédito.”

A participação do empréstimo pessoal na carteira total de crédito saiu de 18% há um ano para 23% agora. A originação também tem sido mais centrada nesse produto, passando de 3% de toda a originação no terceiro tri do ano passado para 14% neste tri. 

“O indicador de inadimplência subiu, mas o mais importante é ter uma receita marginal que mais do que supera a inadimplência marginal,” disse Lago. “Nossa inadimplência dividida pela parcela da carteira que remunera juros vem numa tendência de queda e caiu nesse tri. Vemos uma oportunidade muito grande de aumentar o acesso ao crédito no Brasil e no México.”

No primeiro trimestre, a receita do Nubank subiu 64% na comparação anual, para US$ 2,7 bilhões, e o banco adicionou 5,5 milhões de clientes, fechando com uma base de 99,3 milhões de usuários. Em abril, o banco já bateu os 100 milhões.

A receita média mensal por cliente ativo (ARPAC) cresceu de US$ 10,6 no tri anterior para US$ 11,4 neste tri, enquanto o custo de servir se manteve estável em US$ 0,9 — mostrando a alavancagem operacional do negócio. 

Já o índice de eficiência — que mostra o quanto o banco precisa gastar para fazer determinada receita — fechou o primeiro tri em 32,1%, em comparação aos 36% do trimestre anterior. 

No release de resultados, o Nubank publicou também um gráfico com uma comparação dos números da operação do México neste momento com a operação do Brasil no quarto trimestre de 2018. (O objetivo é comparar os avanços das duas operações em um mesmo espaço de tempo). 

A conclusão é que o México está batendo o Brasil em quase todos os KPIs. Já são 6,6 milhões de clientes contra 6 mi do Brasil em 2018; 3,1 milhões de contas abertas contra 1 milhão; US$ 2,3 bi em depósitos contra US$ 600 milhões; e uma receita de US$ 149 milhões contra US$ 99 mi do Brasil de 2018. 

“Tinha uma dívida em relação ao nosso modelo de negócios, que era se ele se exportava bem, se conseguíamos passar por cima das fronteiras,” disse o CFO. “A sinalização do México é muito positiva.”