O Banco Inter faz amanhã a assembleia de acionistas que decidirá a mudança da listagem do banco da B3 para a Nasdaq.

Para aprovar a reorganização societária (que inclui a migração), o Inter precisa conseguir o apoio de metade mais um do free float.

Nem a família Menin, que controla o banco, nem o Softbank (que é parte do acordo de acionistas) vão votar na assembleia, o que deixa a decisão na mão de milhares de acionistas institucionais e pessoas físicas.  (Um que certamente vai votar é o ‘Monstro do Leblon’. De acordo com o site de RI do Inter, o fundo Ponta Sul tem pouco mais de 10% do capital.)

A aprovação da reorganização deve passar com ampla maioria. O verdadeiro desafio vem depois.

Os acionistas terão até dia 2 de dezembro para exercer o chamado direito de resgate, fixado em R$ 45,84 por unit pela PwC. Com a unit negociando hoje ao redor de R$ 36, para muita gente a arbitragem parece óbvia.

A Teoria dos Jogos sugere que o Inter está diante do clássico ‘dilema do prisioneiro’: se todo mundo pedir resgate, a operação não passa; se todos não pedirem, o resultado é melhor para todo mundo. Como, na prática, é impossível combinar o comportamento de todos os acionistas, há grandes chances da operação fracassar.

Mas por que o Inter fixou o direito de resgate num preço tão alto? Ocorre que a PwC, contratada para determinar o valor justo, usou uma média de preço dos 30 dias anteriores. Como o papel estava derretendo, a média acabou ficando muito alta em relação ao preço de tela de hoje.

O Inter já está preparado para um certo nível de resgate.  O banco conseguiu uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para dar resgate aos acionistas que, por mandato, não podem carregar ações listadas fora do País.

Mas, ao contrário do que a expressão ‘direito de resgate’ pode sugerir, essa put contra a empresa não existe na prática.  Se os pedidos de resgate forem muito acima desse limite, o Inter tem a prerrogativa de cancelar a operação e reconvocar a assembleia 30 dias depois — desta vez fixando o direito de resgate a um preço abaixo do valor de tela.