As grandes companhias estão cada vez mais incorporando ferramentas de AI para aumentar a produtividade de seus funcionários e reduzir custos. 

Mas há uma área em que a implementação dessa estratégia vai ser algo mais delicado — pelo menos se depender dos funcionários do Google. 

O Business Insider reportou hoje que a Big Tech teve que voltar atrás de uma exigência que havia imposto a seus funcionários depois da medida gerar uma revolta interna.

O Google havia dito a seus funcionários que, para serem elegíveis ao plano de saúde no ano que vem, eles teriam que permitir que uma ferramenta de AI chamada Nayya acessasse seus dados pessoais. 

A decisão não agradou os funcionários, que ficaram preocupados com o compartilhamento de seus dados pessoais e de saúde com o serviço. 

A reação foi tamanha que o Google voltou atrás, atualizando sua política interna e garantindo que os funcionários possam optar por não participar do programa da Nayya e ainda assim continuar elegíveis para o plano de saúde.

No documento inicial, o Google dizia que a Nayya fornece serviços essenciais para otimizar o uso dos benefícios do plano, “portanto os participantes do plano de saúde da Alphabet não podem se desassociar totalmente do compartilhamento de dados com terceiros.”

E intimava: “Para optar por não compartilhar dados com fornecedores de saúde daqui para frente, cancele sua inscrição nos benefícios fornecidos pela Alphabet.”

No documento atualizado, o Google mudou o tom: disse que o Nayya é “opcional”, e que quem optar por aderir ao programa terá dados como salário, gênero e número do Social Security compartilhados com a ferramenta. 

A Nayya é uma startup de AI com sede em Nova York que já recebeu investimentos de gigantes do setor de RH, como a Workday e a ADP, e de fundos como o Iconiq Capital.

A startup se propõe a dar recomendações personalizadas de benefícios de saúde com base nas informações pessoais de cada funcionário, buscando otimizar os custos das empresas com os planos de saúde. 

Segundo o Business Insider, a exigência inicial de aderir à ferramenta fez com que diversos funcionários publicassem mensagens criticando a medida em plataformas internas de comunicação.

“Por que estamos fornecendo nossos dados médicos a uma ferramenta de AI de terceiros sem a possibilidade de recusar?” dizia uma das perguntas enviadas, segundo o Business Insider.

“Este é um padrão muito obscuro. Não posso dar um consentimento significativo para que meus dados sejam compartilhados com essa empresa, e não quero consentir dessa forma,” disse outro funcionário.

“O consentimento para um recurso opcional como ‘otimização do uso de benefícios’ não é significativo se ele estiver vinculado a algo essencial como os PLANOS DE SAÚDE do Google! A palavra que você está procurando é ‘coercitivo’,” disse outro.