As ações da Nike despencaram no after market e abriram em queda de 10% hoje depois da companhia divulgar seus resultados trimestrais e sinalizar um excesso de estoque que vai demandar políticas agressivas de descontos. 

Esse aumento no inventário teve a ver em grande parte com as dificuldades da cadeia de suprimentos. A Nike — e boa parte dos varejistas americanos — fizeram seus pedidos com antecedência para garantir que recebessem os produtos a tempo. 

Quando o tempo de envio normalizou, isso resultou num aumento expressivo nos estoques. 

A Nike disse que seu estoque na América do Norte no último trimestre cresceu 65% em comparação com o ano passado, o que resultou na empresa ter “várias temporadas de mercadorias disponíveis ao mesmo tempo.”

Agora, a Nike terá que liquidar de forma “mais agressiva” esse estoque para abrir espaço para produtos novos e melhores — o que deve afetar as margens dos próximos trimestres.

Apesar da leitura negativa de parte do mercado, os resultados deram algumas sinalizações positivas para a operação da Nike no Brasil (que pertence ao Grupo SBF), segundo o Itaú BBA.

Os analistas notaram que a operação na Ásia e América Latina foi a segunda que mais cresceu, com uma alta de 16% na comparação anual. A margem EBIT teve uma leve queda de 0,26 ponto percentual para 32,6% por conta da alta nos custos logísticos. 

“O sólido crescimento da região corrobora nossa visão construtiva para as vendas da Fisia [a distribuidora da Nike no Brasil] nos próximos trimestres,” escreveu o Itaú. Ainda assim, “a alta nos custos logísticos pode afetar a rentabilidade, especialmente quando combinada com as pressões no câmbio.”

O Itaú projeta uma margem bruta de 34,5% para a Fisia no terceiro trimestre, uma queda de 0,7 ponto percentual.