Quando Bruno Fonseca experimentou pela primeira vez uma carne à base de plantas, numa feira de produtos veganos na Alemanha, ele não acreditou no que estava colocando na boca. 

“Eu achei que estavam me enganando,” ele disse ao Brazil Journal. “Comecei a perguntar ao vendedor sobre aquilo e a única coisa que ele conseguia me falar — num inglês arranhado — era ‘extrusion.’”

11211 532f8a0e bd17 5acb bbe7 cd52724b711eO Google — e três anos viajando pelo mundo e estudando o assunto — ensinaram a Bruno que a tal da ‘extrusão’ é uma tecnologia usada para fazer a massa do macarrão, mas que foi adaptada para permitir transformar vegetais em fibras que simulam as proteínas. 

O resultado dessa imersão foi a The New Butchers, uma startup de carnes plant-based criada por Bruno no final do ano passado.

Enquanto a Fazenda Futuro vem fazendo barulho com seus produtos, a New Butchers até agora vem comendo quieto — mas isso está prestes a mudar.

“A maioria das empresas desse setor nasceu com o marketing em primeiro lugar e depois foi construindo os produtos e a empresa,” diz o fundador. “A gente fez o contrário: construímos um portfólio muito bom e agora vamos começar a comunicar mais para o consumidor.”

A New Butchers já tem quatro produtos que simulam três proteínas diferentes: hambúrgueres de carne e de frango, filé de frango, e um filé de salmão. 

(No frango, enquanto a Fazenda Futuro terceiriza a produção para uma empresa chamada Verdali, a New Butchers tem fabricação própria.)

O salmão plant-based traz um diferencial importante: é o único produto à base de plantas que já consegue ter um preço menor que o da proteína original. 

“Como a indústria de salmão ainda não tem escala, conseguimos ser cerca de 15% mais baratos que a carne tradicional, mesmo oferecendo um produto mais limpo e sustentável,” diz o fundador.

A próxima fronteira proteica da companhia é o porco, que deve ser lançado no início de 2021. 

A New Butchers nasceu com capital próprio de Bruno, vegetariano há quase uma década e dono de outra empresa de alimentos veganos, a Eat Clean, que vende pastas de castanha e de amendoim, snacks e suplementos. 

Desde que surgiu, a New Butchers fez apenas uma rodada de seed money liderada por Paulo Veras, o fundador da 99. 

Agora, está no meio de um ‘Series A’ que deve ser concluído até o fim deste ano. A startup vai usar os recursos para quadruplicar sua capacidade produtiva, de 20 para 80 toneladas/mês, com a construção de uma nova fábrica de 1,5 mil metros quadrados na Barra Funda, além de fortalecer sua marca com campanhas agressivas nas redes sociais. 

O management está ganhando musculatura. Nessim Abadi, que cobria o setor de alimentos e bebidas na Pátria Investimentos, tornou-se CFO e sócio da New Butchers em julho. Gislene Santos, que estava há 6 anos na Mondelez como responsável por grandes contas, é a nova diretora de key accounts.

Em um ano, a foodtech chegou a 1,2 mil pontos de vendas de redes como Pão de Açúcar, Oba e Angeloni. Mas até dezembro, esse número deve chegar a 8 mil, com uma expansão nacional agressiva e a entrada mais forte no food service. (Para efeito de comparação, a Fazenda Futuro acaba de bater 10 mil pontos de venda).