A Nau Capital — um multifamily office com R$ 3 bilhões em ativos sob custódia — acaba de se fundir com a Avant Investimentos, aumentando seu AUC em 50% e ganhando presença no Centro-Oeste.

A Nau é focada em clientes com mais de R$ 5 milhões em liquidez. Antes da transação de hoje, o tíquete médio era de R$ 20 milhões. Com a incorporação da Avant — um escritório autônomo focado em clientes private — esse tíquete caiu um pouco, para R$ 12 milhões.

A transação foi parte em dinheiro, parte em ações. 

A parcela em cash deu saída a três sócios da Avant que não estavam mais no dia a dia da operação. Já a parcela em ações foi paga a Octavio Lobato, que se tornou sócio da Nau.

A Nau foi fundada há cerca de três anos por três executivos que trabalharam no BTG — Daniel Prado, Nathalia Paulino e Evandro Bertho — junto com José Luiz Acar, um ex-vp do Bradesco que depois fez parte do comitê operacional do BTG.

“Acreditamos que vai haver uma consolidação grande nesse segmento,” Daniel disse ao Brazil Journal. “Mas o caminho, na nossa visão, não é buscar só AUC, comprar qualquer coisa só para aumentar a base. Acreditamos numa consolidação por nichos, por perfil de atuação.”

A ideia da Nau é ser um consolidador do nicho da alta renda. 

Desde meados do ano passado a Nau avalia potenciais alvos, mas são poucos os escritórios que têm o perfil de multifamily, entregando uma arquitetura aberta e outras soluções, como crédito. “Na Avant, encontramos isso,” disse Daniel.

Há ainda uma complementaridade geográfica importante entre as duas empresas. A Nau tem escritórios em São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia. Já a Avant tem escritórios em Belo Horizonte (onde fica sua sede), no interior de Minas e em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso — onde os executivos enxergam uma grande oportunidade de expansão.

Com a fusão, a Nau chega a R$ 4,5 bilhões de AUC. O objetivo da companhia é atingir R$ 5 bi até o final do ano e chegar ao final de 2025 com R$ 12 bilhões. 

Nathalia, a outra sócia da Nau, disse que o momento é propício para aquisições, e que a empresa pretende fazer novos M&As ao longo do ano.

Segundo ela, a Nau está com um caixa robusto porque decidiu “não entrar na festa” quando o mercado estava passando pelo momento de euforia. 

“Muita gente gastou dinheiro nessa época com investimentos que acabaram não rendendo. A gente ficou com o pé no chão… Agora que as margens estão mais apertadas tem muita oportunidade boa surgindo, muito escritório querendo conversar com a gente.”

A Nau compete num mercado dividido basicamente entre os privates dos grandes bancos e os multifamily offices independentes, como a Julius Baer e a Turim. 

Segundo Daniel, a empresa está ganhando a maior parte de seu share em cima dos grandes bancos, principalmente pelo atendimento mais personalizado e porque os bancos subiram muito a barra de liquidez para dar acesso a produtos diferenciados.