A Natura &Co anunciou um aumento de capital privado para levantar entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões, num esforço destinado a reduzir sua dívida num momento de queda no consumo global e integração da Avon.
 
No topo da faixa, o valor a ser captado equivale a menos de 5% do valor de mercado da companhia, de R$ 43 bilhões no fechamento de ontem.
 
O preço de emissão será de R$ 32 por ação, 12% abaixo dos R$ 36,45 do fechamento de ontem.
 

A empresa disse que os recursos serão destinados “ao fortalecimento da estrutura de capital, à melhora de sua posição de caixa, à redução da alavancagem financeira consolidada e para fins corporativos gerais da companhia.” 

 
Os acionistas controladores — Pedro Passos, Guilherme Leal e Luiz Seabra, que juntos detêm 43,4% da empresa — se comprometeram a participar do aumento de capital com um investimento de, no mínimo, R$ 508 milhões.  Outros investidores financeiros não identificados assumiram o compromisso de ancorar a oferta com mais R$ 492 milhões, totalizando o assim o valor mínimo que a companhia quer levantar.
 
Fontes próximas à companhia disseram ao Brazil Journal que os investidores financeiros são fundos de Bolsa com quem a empresa se sentiu confortável em conversar, o que inclui acionistas relevantes como Truxt, Dynamo, Atmos, SPX Capital e JGP.  O GIC, fundo soberano de Singapura, também está no grupo.
 
Ao publicar os resultados de seu primeiro trimestre, esta madrugada, a Natura disse que sua dívida líquida/EBITDA estava em 4,9x no final de março. Excluindo-se custos não recorrentes relativos à cmpra da Avon, a empresa disse que a métrica de alavancagem cairia para 3,8x. 
 
A companhia terminou o trimestre com R$ 4,6 bilhões em caixa bruto e, esta semana, levantou mais R$ 750 milhões em linhas de até um ano (R$ 500 milhões na holding e R$ 250 milhões na Natura Cosméticos, a operação brasileira).
 
No primeiro tri, a Natura queimou R$ 1,7 bilhão em caixa, com R$ 500 milhões disso ligados a despesas incorridas na aquisição da Avon, anunciada em maio do ano passado.  A companhia disse que também sangrou caixa com os impactos da Covid-19 nas vendas e efeitos da desvalorização do real no capital de giro da Avon, The Body Shop e Aesop.
 
A Natura reportou um prejuízo no trimestre de R$ 820 milhões, 10 vezes maior que no mesmo período do ano passado.