O sellside começou a ficar mais construtivo com a Lojas Renner nos últimos dias, com uma série de relatórios apontando melhoras operacionais da varejista e reiterando a recomendação de compra.

O mais recente foi o BTG Pactual, para quem, apesar dos desafios macro e micro, a Renner deve se beneficiar de alguns ventos a favor nos próximos trimestres.

O banco citou o novo centro de distribuição da empresa em São Paulo, que deve ajudar a melhorar o sortimento de produtos das lojas, melhorando o nível dos estoques e reduzindo as rupturas. Isso deve melhorar a produtividade das lojas, o que é ainda mais relevante num momento em que está difícil expandir a área de vendas.

O BTG diz ainda que a Realize, a financeira da Renner, deve se beneficiar da queda dos juros, e que o valuation da empresa aguenta desaforo, com o papel negociando a 12x o lucro estimado para o ano que vem.

O BTG tem recomendação de compra para a Renner, com preço-alvo de R$ 22 por ação.

Um dia antes, o Itaú BBA publicou um relatório aumentando suas estimativas para a operação de crédito da Renner, dada a melhora nas tendências de mercado.

O Itaú elevou sua estimativa para a Realize de um EBITDA negativo de R$ 7 milhões em 2024 para um EBITDA positivo de R$ 12 milhões.

“Reconhecemos que uma melhora na qualidade do crédito depende de uma melhora no endividamento das famílias, mas dependendo da magnitude as tendências para a operação podem estar melhor em 2024,” diz o relatório.

O Itaú disse que o valuation atual da Renner já precifica boa parte dos pontos negativos e ignora o potencial upside. O preço-alvo do Itaú é de R$ 20/ação.

Na semana passada, a Goldman Sachs também reiterou sua recomendação de compra dizendo que o valuation é atrativo e que espera uma inflexão nos lucros nos próximos trimestres.

A Goldman disse que, na sua análise, a Renner deveria negociar a pelo menos 15x o lucro no ano que vem, em comparação aos 11,3x de hoje. E isso num cenário conservador.

Além disso, a companhia está negociando a uma TIR atrativa mesmo com a piora dos retornos por conta das mudanças estruturais recentes (principalmente o aumento da competição dos marketplaces chineses e a piora dos resultados da Realize).

“Acreditamos que o ROIC da Renner deve retornar apenas a um patamar de ‘high-teens’, continuando abaixo do nível histórico de ‘mid-20s’. Ainda assim, vemos múltiplos cenários onde a ação entrega uma TIR acima de 16%, mesmo com premissas conservadoras.”

O banco também diz que o bottom line da Renner deve melhorar no ano que vem, subindo mais de 20% e impulsionado pelo novo CD, que vai deixar de gerar despesas de roll-out e melhorar a produtividade da companhia. 

Coincidência ou não, as análises mais construtivas vêm em meio a uma pequena retomada do papel, que bateu num low de R$ 11,94 em 30 de outubro. 

De lá para cá, a ação já recuperou 20% e negocia hoje a R$ 14,44. 

O all-time high foi de R$ 53,84 em janeiro de 2020, um pouco antes da pandemia.