Depois de um 2018 marcado por temores de canibalização de suas lojas e uma ação em queda livre, a Raia Drogasil parece ter se convalescido: o segundo trimestre reportado hoje devolveu a ação ao topo histórico e obrigou os shorts a zerar posições.
A companhia entregou um crescimento de 8% nas lojas abertas há pelo menos 12 meses e de 4% nas chamadas lojas ‘maduras’, abertas há mais de três anos. Ao mesmo tempo, a empresa melhorou as margens em relação ao começo do ano.
As ações, que já negociavam a 40 vezes o lucro estimado para 2020, subiram mais de 9% na B3 e renovaram a máxima histórica, que havia sido atingida no fim de 2017, fechando a R$ 94,50. Até ontem, a posição vendida em Raia Drogasil equivalia a quase 12 dias de negociação.
O desempenho consolidou uma mudança de trajetória que já começou a se desenhar no primeiro trimestre, quando a companhia voltou a ganhar market share em São Paulo, seu principal mercado, e voltou a crescer nas lojas maduras. Do começo do ano até ontem, os papéis acumulavam alta de quase de 60%.
Mas quem esperou para ver gostou do que viu hoje.
A companhia já tinha sinalizado aos investidores que esperava um crescimento das lojas maduras mais em linha com a inflação e pressões menores de custos. “Mas o que todo mundo esperava é que isso acontecesse mais no segundo semestre”, diz um gestor comprado no papel. “Eles mostraram que o ponto de inflexão veio antes”.
A melhora no resultado reflete dois movimentos principais.
Primeiro: concorrentes como Extrafarma e Pague Menos perderam fôlego e estão reduzindo seus planos de expansão. Em São Paulo, a Raia Drogasil ganhou 200 bps de market share no segundo trimestre, o dobro do crescimento de 100 bps do começo do ano.
Segundo: a RD teve que reduzir os preços dos genéricos para fazer frente às pequenas farmácias, que, reunidas em redes associativistas, tem conseguido preços competitivos. Mas essa pressão foi menor do que no primeiro trimestre, pesando menos na rentabilidade.
“O reajuste dos medicamentos foi melhor esse ano, o que é bom para a varejo farmacêutico, mas acima de tudo parece que o preço dos genéricos agora está no lugar certo”, diz o gestor.
No ano passado, ganhou peso no mercado a tese de que a companhia poderia estar canibalizando as próprias vendas, ao abrir novas farmácias a poucos quilômetros de distância daquelas que já estavam em operação, o que pesou sobre o papel.
“A RD tem um management muito azeitado e que conhece o mercado como ninguém — e por isso consegue sobreviver às pressões competitivas quando todo mundo começa a cair de joelhos”, diz outro gestor que carrega o papel na carteira há anos.