A queda pornográfica de 18% nas ações da Braskem hoje — em meio a alegações de Alberto Yousseff de que a empresa pagava propina para ter condições favoráveis na compra de nafta da Petrobras — impõe a pergunta: “Por que a Petrobrás tem que ser sócia da Braskem?”
A Petrobras é dona de 47% das ações com direito a voto e 36% do capital total da Braskem, o que faz dela uma acionista minoritária na empresa controlada pelo grupo Odebrecht.
Não só isso, a Petrobras é a maior fornecedora da Braskem, vendendo-lhe a nafta, a matéria-prima para a fabricação de resinas e plásticos.
A Petrobras chegou a esta posição acionária pela convergência de duas vontades: a do Governo, de fazer dela um player na petroquímica — um setor reconhecido mundialmente como intensivo em capital e de retornos baixos — e a vontade dos empresários do setor, que sempre fizeram lobby para ter a Petrobras como sócia, dado que ela é monopolista no fornecimento de nafta.
A Petrobras já era grande no petróleo, no gás, no etanol, no refino de combustíveis, e até em postos de abastecimento, mas… para que pensar pequeno? A Braskem era a chave para ela ser grande também na petroquímica!
Assim, abençoada por uma Petrobras com síndrome de gigantismo, e através de uma série de operações que efetivamente consolidaram o setor petroquímico brasileiro a partir de 2007, a ‘bolha Braskem’ foi crescendo. Os retornos continuam medíocres, mas o capital da Petrobras continua empatado lá.
A Braskem, que já valeu mais de 15 bilhões de reais na Bolsa, termina o dia de hoje valendo pouco mais de 7 bilhões de reais. O acionista da Petrobras mais uma vez pagou a conta.
A Lava Jato está ajudando a desfazer a ideia de que, no Brasil, corrupção nunca dá cana.
Deveria, também, ajudar a sociedade e o Estado a redefinir profundamente o tamanho e o papel da Petrobras.