A Dufry, a empresa suíça que opera 1.400 lojas duty free em aeroportos de todo o mundo, está sofrendo os efeitos do dólar forte.
Com a maxidesvalorização em seu país, os russos pararam de viajar para fora. E, com o dólar acima de 3 reais, o turista brasileiro — outro cliente fiel da Dufry — deve ter o mesmo destino. Por fim, quem ainda está viajando está gastando menos.
Mas nos próximos dias, a Dufry pode ter uma notícia boa: talvez ela consiga comprar um de seus maiores concorrentes, a World Duty Free.
A Dufry é hoje a maior empresa do setor, com 14,9% de todas as lojas em aeroportos do mundo. A WDF tem 8%, e ajudaria a Dufry a se distanciar ainda mais na liderança.
Mas a compra não deve sair barata: hoje controlada pela família Benetton, a WDF é estratégica para todo mundo que opera no setor.
Só que a Dufry sabe comprar concorrentes tanto quanto seus clientes sabem comprar Johnnie Walker. A empresa chegou onde chegou fazendo aquisições. Foram mais de 12 nos últimos 10 anos.
Não faz nem um ano que a Dufry pagou 1,7 bilhão de dólares pela Nuance — uma rede de 360 lojas — uma tacada que deu à Dufry a liderança do mercado.
No negócio de lojas de aeroporto, quase não existe redundância entre os concorrentes: geralmente, cada empresa tem o monopólio ou de um aeroporto inteiro, ou de um terminal.
No caso da WDF, cerca de 58% de sua geração de caixa vêm do Reino Unido, e outros 22% vêm de outros países na Europa (principalmente a Espanha) e dos EUA.
De acordo com a Reuters, a Dufry está no páreo pela WDF com o fundo soberano do Qatar, o Qatar Investment Authority.
É uma dobradinha que faz todo sentido. O fundo do Qatar — que administra mais de 200 bilhões de dólares — é dono de 20% do aeroporto de Heathrow, em Londres, no qual a WDF é o maior operador de lojas.
O emirado, aliás, tem duas pessoas no conselho de Heathrow: um executivo do fundo soberano, e um homem chamado Akbar Al Baker, que é ao mesmo tempo CEO da Qatar Airways e da Qatar Duty Free. De acordo com a revista especializada no setor, a Travel Retail Business, Al Baker é um cara que entende de varejo por ter sido um dos mentores do novo aeroporto internacional de Doha, que custou mais de 15 bilhões de dólares e também poderia ser descrito como um grande shopping center.