A Rússia está no meio de uma maxidesvalorização cambial de consequências imprevisíveis. O dólar já subiu 135% contra o rublo este ano.
Ontem, a moeda americana havia subido para 64 rublos, um recorde na história da moeda russa.
Alarmado, o Banco Central russo deu a clássica ‘porrada’ na taxa de juros, que foi de 10,5% para 17%. O anúncio foi feito por volta de uma da manhã, hora de Moscou.
Apertos monetários assim geralmente ganham tempo para economias em crise cambial e, com efeito, na primeira hora o rublo chegou a se valorizar 10,8%.
Mas horas depois, a moeda já tinha ‘virado a mão’ e acentuado sua queda para atingir um novo recorde: 77 rublos por dólar.
Para piorar as coisas, o petróleo — a principal fonte de financiamento russo — continua caindo em Londres. Por volta de 10 horas da manhã no Brasil, o Brent caía 2,8%.
A repercussão do colapso russo para o o Brasil já começou.
Até ontem, tudo o que se discutia no mercado de juros na BM&F Bovespa era se a próxima alta da Selic seria de 0,25% ou 0,50 ponto percentual. Depois da ação do BC russo, a curva do DI agora projeta uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic na próxima reunião do COPOM. A Selic projetada para o fim de 2015 agora é de 13,5%.
Neste cenário, o dólar ultrapassou com convicção os 2,70 e agora negocia a 2,74.
“Em momentos como esse, primeiro você tem um movimento técnico: os juros refletem os títulos que já estão no mercado e, quando você tem venda desses papéis, eles passam a negociar a uma taxa maior,” diz um investidor. “Depois, você tem o fundamento do juro estar subindo nos países mais vulneráveis, como a Rússia e a Turquia. Eles sobem o juro para segurar capital e se tornar mais atrativos. Passa a ser uma competição de apertos monetários.”