No apagar das luzes do governo Temer, tem alguém querendo enterrar uma das maiores conquistas de governança da Caixa Econômica Federal: a nomeação independente dos vice-presidentes do banco.

Segundo a Folha de S. Paulo, o governo não deve mais nomear este ano os quatro candidatos escolhidos pela PwC e já ratificados pelo conselho. Eles substituiriam os VPs que foram destituídos no começo do ano, investigados por corrupção.

De acordo com o jornal, a equipe de Jair Bolsonaro pediu que as nomeações fossem congeladas. Nos bastidores, ainda não está claro se o pedido partiu do PSL ou se veio do próprio MDB, que pretende emplacar seus afilhados em cargos-chave do próximo governo.

Seja qual for o cenário, as nomeações na Caixa podem se tornar um primeiro teste para Bolsonaro, que prometeu na campanha fazer apenas nomeações técnicas.

Se realmente quiser por fim ao uso político das estatais, o Presidente Bolsonaro (virtualmente eleito) deverá avalizar essas contratações, feitas sem nenhuma intervenção partidária.

Como o Brazil Journal narrou hoje cedo, sob a batuta de Ana Paula Vescovi, a No. 2 da Fazenda, a Caixa alterou seu estatuto no fim do ano passado, dando ao conselho (e não mais à Presidência da República) a prerrogativa de demitir e contratar VPs.

Os escolhidos, no entanto, precisam passar por um ‘screening’ na Casa Civil – essencialmente um ‘check list’ para assegurar que o executivo está apto a assumir um cargo em empresa pública.

É lá que o processo está parado há cerca de um mês. Fontes próximas ao banco afirmam que a PwC já entrou com uma denúncia no Ministério Público Federal acusando a Casa Civil de prevaricação.

“Ao fim do governo, é ideal que não tenha esse tipo de modificação. Não é hora de fazer mudança. Que o próximo presidente faça essas alterações”, disse à Folha o ministro da Secretaria do Governo, Carlos Marun. Paulo de Antunes Siqueira, um dos VPs que ocupa o cargo interinamente até saírem as novas contratações, é ligado ao ministro.