A higiene pessoal é a vítima mais recente do populismo econômico na América Latina.Cristina Kirchner

Na Venezuela, falta papel higiênico; na Argentina, tampões.

O país vizinho, cuja história é marcada por corridas bancárias, agora sofre a “corrida do tampão”.

Pelo menos é assim que o Ministro do Comércio do país, Augusto Costa, caracterizou a falta de tampões, que criou um mercado paralelo de higiene feminina. De acordo com o site Todo Notícias, a caixa com 10 unidades de OB, que normalmente custa 40 pesos, agora sai a 100 pesos em sites como MercadoLibre. A caixa de 20 unidades de outra marca, a Enjoy, sai por 100 pesos, quando normalmente a caixa de 8 unidades custa 27.

Como era de se esperar, para o Ministro, a ‘corrida do tampão’ foi “induzida por uma operação política de muitos meios de comunicação”.

A imprensa local reportou a escassez do produto, e aí… “se dizem que vai faltar, muitas mulheres compram demais só pelo medo de depois não encontrar….” disse Costa.

“O que aconteceu é que, por um lado, me parece uma operação da imprensa que tenta deslegitimar o sistema de administração do comércio exterior gerenciado pelo Governo,” disse o Ministro esta manhã, numa entrevista no rádio.OB

Na Argentina, nem quando falta OB o Governo deixa de ser a vítima.

“No mês de dezembro, não deu para abastecer as gôndolas com este produto,” disse Costa. “Quando descobrimos este problema, as três empresas que produzem me disseram que estavam com problemas de logística, que não tinha nada a ver com os limites às importações.”

De acordo com o Todo Notícias, Miguel Ponce, presidente da câmara de importadores, confirmou que a Johnson & Johnson e a Procter Gamble tiveram um problema de logística, afinal o mercado argentino de tampões é abastecido em mais de 90% por fábricas das multinacionais no Brasil.

Mas essa não era a história toda.  Segundo Ponce, uma demora nas autorizações de importação junto com a entrega de divisas para o comércio exterior (feita pelo BC argentino) entre 20 de dezembro e os primeiros dias do ano — uma manobra feita para mostrar reservas cambiais artificialmente altas — complicou ainda mais o problema de abastecimento.

Depois que a sua ‘corrida do tampão’ correu o mundo, Costa disse que a mídia fez manchetes com a frase para fazê-lo ‘parecer estúpido.’

Senhor ministro, só o senhor tem este poder.