O banco J. Safra Sarasin – o braço de private banking e wealth management da família Safra baseado na Suíça – acaba de comprar 70% do dinamarquês Saxo Bank, no seu primeiro investimento em uma fintech na história.

O Safra avaliou o banco dinamarquês em € 1,7 bilhão, o que o fez desembolsar € 1,1 bilhão pela participação da Geely Financials Denmark. O restante seguirá nas mãos do fundador Kim Fournais.

“É uma decisão estratégica, pois sabemos que a tecnologia está ficando cada vez mais importante na vida de todo mundo e foi uma oportunidade de diversificarmos a nossa base de clientes,” Daniel Belfer, o CEO do J. Safra Sarasin, disse ao Brazil Journal. “E já entramos em um novo mercado com grande escala.”

O Saxo Bank – que gera caixa e dá lucro – é uma fintech que Fournais fundou em 1992 em Copenhague e ganhou espaço ao lançar uma das primeiras plataformas de negociação online na Europa.

Com o passar do tempo, o Saxo foi ampliando seu escopo de serviços e investimentos oferecidos. Hoje o Saxo tem 1,3 milhão de clientes e 71 mil instrumentos financeiros disponíveis em sua plataforma. No total, a fintech possui US$ 118 bilhões em ativos de clientes na plataforma.

O faturamento do banco dinamarquês é dividido igualmente em três áreas: investor clients (que concentra a receita do varejo), serviços para traders e banking as a service.

Segundo Belfer, o Saxo vem crescendo nos últimos anos utilizando apenas capital próprio. A última vez que o banco precisou buscar dinheiro no mercado foi em 2018, quando comprou a fintech holandesa BinckBank.

O Saxo deve continuar como unidade separada, mas precisará se encaixar na política de governança do J. Safra Sarasin na Suíça.

“Eles terão independência, mas gostamos de entrar em todos os detalhes e ajudar o business a crescer, mas sempre com bastante cuidado, como sempre fizemos,” disse Belfer.

A expansão do Saxo também deve passar pelo Brasil. José Olympio Pereira, o presidente do Banco J. Safra (o banco de investimento do grupo), disse que os serviços prestados pelo Saxo têm espaço no mercado local.

“O Saxo está em outros 40 países e entendemos que podemos trazer a tecnologia para cá. Não temos data ainda, já que o deal acabou de ser feito, mas é uma grande oportunidade,” disse.

Nos últimos anos, o Safra vem sendo mais ativo em M&As.

No Brasil, comprou a corretora Guide no início do ano passado e o Banco Alfa no fim de 2023. Já o J. Safra Sarasin comprou ativos diversos na Europa, como a operação do Credit Suisse em Mônaco e Gibraltar e o negócio de private banking do Morgan Stanley na Suíça.

Com a aquisição do Saxo, a base de ativos do Grupo J. Safra chegou a US$ 464 bilhões – cerca de R$ 3 trilhões.

“E seguimos buscando novas oportunidades de bons negócios,” disse Alberto Monteiro, o presidente do Banco Safra.