O Mundo do Cabeleireiro foi pego no contrapé quando a pandemia estourou.
A rede de lojas especializada em produtos para o cabelo havia levantado uma rodada de R$ 30 milhões em 2018 — e no ano seguinte, foi de 20 para 55 lojas.
Mas para fazer essa expansão, a rede aumentou muito sua estrutura, criando seis novas diretorias e jogando o custo na lua.
“Tínhamos montado uma estrutura para operar 100 lojas, mas estávamos só com 55, e com muitas delas fechadas,” Celso de Moraes, o CEO e filho da fundadora, disse ao Brazil Journal.
Para sobreviver, a companhia teve que se endividar, tomando um empréstimo de R$ 40 milhões, além de fechar seis lojas que estavam performando mal.
Para Celso, o momento foi dramático, mas educativo.
“Aproveitamos para revisar toda a nossa estrutura interna, para estreitar o relacionamento com fornecedores que davam condições melhores e para mexer no mix, buscando produtos mais rentáveis,” disse o CEO.
No ano passado, a companhia zerou sua dívida líquida e, mesmo com menos lojas, já conseguiu faturar R$ 300 milhões, 40% a mais do que em 2019. O EBITDA também foi 50% maior – R$ 31 milhões – e a empresa lucrou R$ 18 milhões.
Com a casa arrumada, o Mundo do Cabeleireiro está se preparando para voltar a crescer. A companhia quer fechar o ano com 60 lojas — abrindo 6 em São Paulo e outras 4 no Recife, sua cidade natal — e um faturamento de R$ 400 milhões.
Em quatro anos, a meta é chegar às 100 lojas do plano inicial — o que vai exigir entrar em novos estados.
O plano é se tornar o consolidador desse mercado. “O mercado pet já tem um consolidador. O de farmácias também. E o de supermercados é a mesma coisa. Mas o nosso setor não tem nenhum consolidador nacional,” disse Celso. “Alguém vai ter que assumir esse papel.”
Segundo ele, essa consolidação será feita tanto com crescimento orgânico quanto por meio de fusões e aquisições.
Para chegar às 100 lojas, ele disse que dá para ir sozinho. “Mas se acharmos uma oportunidade boa, essas 100 lojas já podem virar 200.”
O Mundo do Cabeleireiro é uma das maiores empresas do setor — mas não é a líder. A maior companhia desse mercado é a Lojas Rede, que tem 80 lojas em Minas Gerais e é focada nas classes C e D. (O Mundo do Cabeleireiro opera em São Paulo e Recife com foco em A/B).
Outras grandes redes são a Ikesaki, que tem 11 megastores, e a Sumirê, com mais de 50 lojas.
Celso disse que faria sentido uma fusão com uma rede com o mesmo perfil de público. Mas fundir com uma companhia complementar “não é algo que descartamos. Tudo vai depender da estrutura do negócio.”
Ele também não descarta fazer uma nova rodada de equity, atraindo um novo investidor que capitalize a companhia. Em 2018, a Vinci Partners injetou R$ 30 milhões no caixa da empresa a um valuation de R$ 100 milhões (pre-money).
Outro plano: fazer um IPO quando a empresa atingir um faturamento de mais de R$ 1 bilhão/ano, algo que deve acontecer com cerca de 140 lojas.