A ação da MRV cai quase 11% agora de manhã depois que a construtora de baixa renda reportou uma prévia operacional que decepcionou o mercado.
Os números, divulgados na sexta depois que o mercado fechou, mostram uma queima de caixa recorde em todas as unidades de negócio – com destaque para a Resia (a antiga AHS, a operação da empresa nos EUA), que consumiu quase R$ 1 bilhão em caixa.
No total, a MRV teve uma queima de R$ 1,2 bilhão, o dobro da estimativa média do mercado e bem acima do resultado do segundo deste ano e do terceiro tri do ano passado (R$ 343 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente).
Com o resultado, o Itaú BBA rebaixou a recomendação da ação para ‘market perform’ (o equivalente a neutro), e reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 12, um upside de apenas 14%.
“Agora vemos uma assimetria menos atraente para a ação dados os riscos envolvidos na operação intensiva em capital dos EUA (provavelmente, o pior mercado para imóveis residenciais dos últimos 15 anos), e a recuperação mais lenta que o esperado da operação brasileira, atrapalhando o momentum positivo do segmento de baixa renda,” escreveu o analista Daniel Gasparete.
O Itaú disse que espera que o múltiplo dívida líquida/equity da MRV atinja o nível recorde de 60% em comparação aos 40% do trimestre passado.
O analista não vê um risco de liquidez para a MRV já que os covenants não incorporam ‘project financing’ e a companhia tem ativos líquidos que podem ser monetizados se necessário.
“Ainda assim, acreditamos que a falta de claridade sobre a geração de caixa nos próximos trimestres (principalmente nos EUA) vai afastar os investidores da ação.”
Gasparete notou que a MRV surpreendeu os investidores construindo um modelo de negócios nos EUA que se provou altamente competitivo e bem sucedido. “Infelizmente, quando os investidores finalmente começaram a entender o negócio, eles deram de cara com as condições mais desafiadoras dos últimos 15 anos no mercado de imóveis residenciais americano.”