A Guararapes reportou um terceiro trimestre com números recordes e que superaram com folga as projeções dos analistas, com a dona das Lojas Riachuelo crescendo o same-store sales em dois dígitos ao mesmo tempo em que melhorou as margens.
“Foi um resultado em que fizemos barba, cabelo e bigode,” o CEO André Farber disse ao Brazil Journal.
A companhia entregou uma receita líquida de R$ 2,3 bilhões, uma alta de 9,5% na comparação anual, com o chamado “segmento de mercadorias” (que exclui a financeira e o shopping Midway) crescendo 11,5%. O volume de vendas cresceu ainda mais, em 14%, com a Riachuelo ganhando market share no trimestre.
Farber disse que conseguiu crescer a receita mesmo com o aumento da margem bruta.
“Crescer quando você abre mão de margem é muito fácil. O difícil é crescer e também aumentar a rentabilidade.”
A margem bruta das vendas de vestuário da Guararapes cresceu 4 pontos percentuais no trimestre, para 54,8%, enquanto a margem bruta consolidada da empresa cresceu 2 pontos, para 59,8%.
A projeção do sellside era de uma receita de R$ 2,29 bilhões e uma margem bruta de 58,6%.
No EBITDA, o ‘beat’ foi ainda maior, de cerca de 20%. Enquanto o consenso Bloomberg era de um EBITDA de R$ 291 milhões, a Guararapes entregou R$ 350 milhões — o maior EBITDA para um terceiro tri dos últimos cinco anos e 90% maior que o do ano passado.
Farber notou ainda que o EBITDA dos nove primeiros meses do ano está apenas 10% abaixo do EBITDA total do ano passado: R$ 922 milhões contra R$ 1,035 bilhão. “E os meses de novembro e dezembro são sempre os mais fortes do ano.”
O terceiro tri foi ajudado pelo resultado da Midway, a financeira da companhia.
A Midway entregou um EBITDA de R$ 122 milhões, 5x maior que o resultado do mesmo período do ano passado.
O CFO Miguel Cafruni disse que a empresa conseguiu controlar bem a inadimplência da Midway (o NPL 90 fechou em 15,6%), o que permitiu ter ganhos de PDD “bastante interessantes” no trimestre.
“Outro aspecto importante é que estamos conseguindo extrair mais valor da mesma base de clientes, melhorando a recorrência do uso do cartão e conseguindo vender outros produtos financeiros, como empréstimo pessoal, seguro e assistência,” disse ele.
A melhora dos resultados vem em meio a mudanças estratégicas na companhia, implementadas desde que Farber assumiu o comando em meados do ano passado.
O CEO disse que a Guararapes tem investido muito na integração de suas fábricas com os times de moda e varejo, o que tem lhe permitido ser mais reativa, adaptando-se mais rapidamente ao gosto do consumidor.
“Isso dá uma vantagem de margem, porque permite oferecer produtos que o consumidor quer mais e eliminando um dos elos da cadeia,” disse o executivo.
A Guararapes aumentou o volume produzido em sua fábrica em 50%. Hoje, metade da produção é feita em suas próprias plantas, e a outra metade é comprada de terceiros. Antes dessa mudança, a proporção era 35/65.
Segundo Farber, a companhia também está trabalhando com uma moda “mais responsiva.”
“Criamos métricas de velocidade de vendas e depois de duas semanas que o produto está na loja já conseguimos entender a reação dos consumidores,” disse ele. “Também estamos trabalhando com mais estoque de matéria-prima, o que permite colocar os fornecedores para produzir rapidamente quando vemos que um produto está indo bem.”
A ação da Riachuelo sobe 87% nos últimos 12 meses, com a ação cotada a R$ 9,55 e a companhia valendo R$ 4,7 bilhões na Bolsa.
O preço da ação está 2,5x acima do low histórico de fevereiro de 2023, mas ainda 50% abaixo do high pós-covid, quando o papel negociou a R$ 22.