A Movida apresentou resultados em linha com as expectativas do mercado, com uma receita líquida de R$ 2 bilhões e um EBITDA de R$ 863 milhões no primeiro trimestre do ano.

Os números foram mais que o dobro do mesmo período do ano passado: alta de 144% para a receita e de 185% para o EBITDA.

O lucro também mais que dobrou, saindo de R$ 110 milhões para R$ 258 mi.

O BTG disse que a Movida tem conseguido repassar o aumento do seu custo de capital — pela alta dos juros — para o consumidor final. No primeiro trimestre, a companhia aumentou as tarifas em 56% no segmento de Rent a Car (basicamente as locações diárias e mensais para pessoas físicas) na comparação anual e em 8% frente ao trimestre anterior.

A companhia também aumentou sua frota em 16%, mas viu uma queda na taxa de utilização, que saiu de 80,8% no quarto tri do ano passado para 76,1%. No final, a empresa viu um aumento de 63% na receita do segmento e uma expansão de 3 pontos percentuais na margem EBITDA.

Segundo o Itaú BBA, no entanto, a expansão da margem teve a ver também com efeitos positivos de créditos do PIS/Cofins.

No segmento de gestão de frotas, a companhia também conseguiu aumentar o tíquete médio mensal. Mas o crescimento veio também da consolidação da CS Frotas (que a Simpar fundiu com a Movida no ano passado) e da expansão das frotas sob gestão. A receita nesse segmento subiu 140% e a margem EBITDA teve um aumento de 1,1 ponto porcentual, para 72%.

Na vertical de seminovos, a Movida vendeu 15,2 mil veículos no trimestre, movimentando quase R$ 1 bilhão, com um aumento tanto no volume de vendas quanto no tíquete médio.

Nesse mercado, a falta de carros novos tem feito os preços dispararem, beneficiando todas as locadoras.

“Esse negócio de seminovos normalmente tinha uma margem EBITDA de 1-2% no máximo. E, na verdade, a Movida só começou a ganhar dinheiro com isso a partir de 2019,” disse um gestor. “Com essa nova dinâmica do mercado, as margens subiram para mais de 20%.”

Segundo esse gestor, o sellside já projeta o resultado para o ano fechado com uma margem ajustada — para mostrar quanto seria o lucro numa situação normal de mercado.

“Ninguém está pagando por isso por muito tempo, porque sabe que é algo atípico, mas a verdade é que ninguém sabe também quando isso vai acabar.”

O BTG nota que a alavancagem da Movida teve um leve aumento no trimestre, passando de 2,9x dívida líquida/EBITDA dos últimos doze meses para pouco mais de 3x, com a empresa acumulando uma posição de caixa de R$ 5,6 bilhões.

“Olhando para frente, acreditamos que os investidores vão monitorar a evolução do yield (para refletir o aumento no custo de capital) e da alavancagem, com a normalização da cadeia de suprimentos de veículos esperada para o final do ano,” escreveram os analistas.

Nas contas do BTG, a Movida negocia a 7,6x o lucro esperado para este ano, um múltiplo que o banco considera atrativo.

O BTG tem recomendação de compra para a ação com preço-alvo de R$ 27. O papel fechou sexta a R$ 18.