A Moura Dubeux reportou um terceiro trimestre que o CEO Diego Villar chamou de “o melhor da história da companhia,” refletindo um certo respiro do mercado de construção e decisões acertadas da incorporadora, que é líder em média e alta renda no Nordeste.
A companhia teve vendas contratadas de R$ 445 milhões, um crescimento de 11% na comparação anual. As vendas cresceram mesmo com a queda dos lançamentos, que tiveram um valor geral de vendas (VGV) de R$ 320 milhões no trimestre, 18% abaixo de um ano antes.
Diego disse ao Brazil Journal que a companhia decidiu reduzir o ritmo dos lançamentos este ano depois de ter lançado mais de R$ 2 bilhões de VGV no ano passado.
Com aquele ritmo de lançamentos, “vimos que a velocidade de vendas estava caindo um pouco e que, se mantivéssemos aquele patamar, o índice de endividamento dos projetos poderia passar de 20% do patrimônio líquido, que é o limite que estabelecemos,” disse o CEO.
A Moura Dubeux tem um estoque de 2,4 mil unidades com valor de R$ 1,7 bilhão — a maior parte a ser entregue nos próximos anos.
Outro destaque do tri foi a margem bruta, que subiu 2,7 pontos percentuais na comparação sequencial e 4,6 pontos na anual, para 36,5%. Essa melhora é explicada por dois motivos. Com o início da queda dos juros, o mercado melhorou, e a Moura Dubeux conseguiu vender sem muitos descontos. Além disso, as vendas no modelo de ‘condomínios’ — cuja margem é superior — tiveram uma representatividade maior no trimestre.
A Moura Dubeux opera com dois modelos: a incorporação tradicional, no qual ela compra os terrenos, constrói os prédios e vende; e o que ela chama de ‘condomínios’, no qual ela é remunerada pelo grupo de condôminos com taxas de consultoria imobiliária e de administração das obras.
Nesse modelo, a companhia não tem que desembolsar caixa e nem tem despesas com juros dos financiamentos.
Para os condôminos, os preços dos apartamentos acabam saindo de 20% a 25% mais baratos do que na incorporação tradicional — e eles conseguem personalizar mais os imóveis.
Segundo Diego, a margem bruta dessa vertical gira em torno de 50% a 60% em comparação aos 30% da incorporação tradicional.
“Se houvesse mercado para fazermos só esse modelo, faríamos, porque o retorno é muito maior e o risco, menor. Mas é um modelo no qual o consumidor tem que ter muita renda, porque ele tem que pagar todo o valor do imóvel ao longo da obra,” disse o CEO.
A Moura calcula que este seja um mercado de R$ 600 milhões a R$ 800 milhões por ano.
A companhia também teve um crescimento relevante do lucro no trimestre, que ficou em R$ 46,2 milhões e foi o maior lucro trimestral da companhia desde que ela foi fundada há 40 anos.
O bottom line é um crescimento de 13,7% na comparação anual e de 2,2% na sequencial.
Outro destaque do trimestre foi o VSO (vendas sobre oferta), que mede basicamente a velocidade de venda do estoque. O VSO do trimestre foi de 18,9%, uma alta de 2,7 pontos percentuais. Já o dos últimos doze meses foi de 44,9%, uma alta de 1,2 pontos.
Apesar do bom resultado operacional, a Moura Dubeux teve uma queima de caixa de R$ 52 milhões no trimestre. O CEO disse que essa queima é natural dado o momento em que a companhia se encontra, executando muitas obras de lançamentos que ela fez nos últimos três anos.
Mesmo com a queima de caixa, a Moura Dubeux continua com um balanço redondo. A companhia fechou o terceiro tri com um caixa líquido de R$ 21 milhões.