A Minerva acaba de reportar um segundo tri acima do consenso com recordes de receita, EBITDA e lucro, graças ao ramp-up mais acelerado do que o previsto dos ativos comprados da Marfrig e um aumento de sua diversificação geográfica.
A companhia comandada por Fernando Queiroz reportou uma receita líquida de R$ 13,9 bilhões, um aumento de 81,6% sobre o mesmo período do ano passado e de 24,3% na comparação sequencial – ambos os números refletindo a incorporação dos ativos da Marfrig a partir deste tri.
O consenso apontava para uma receita de R$ 12,5 bilhões.
Queiroz disse ao Brazil Journal que a integração das plantas da Marfrig está acontecendo mais rápido do que o esperado. Segundo ele, a receita dos novos ativos dobrou em relação ao patamar registrado no primeiro tri.
“O ramp-up está mais acelerado do que esperávamos. Já estamos com a maioria das plantas em operação e o ritmo deve se normalizar no terceiro trimestre,” disse.
Além disso, com o aumento de volume houve uma forte diluição das despesas: o SG&A caiu para 10,1% da receita, o menor patamar registrado pela Minerva desde 2022. O CFO Edison Ticle também disse que a empresa teve ganhos de sinergia na área comercial.
Esses foram fatores preponderantes para o EBITDA vir muito acima do previsto: R$ 1,3 bilhão, uma alta de 75% na comparação anual e de 24,3% sobre o primeiro tri. O consenso era R$ 1,1 bilhão.
A margem EBITDA, por sua vez, teve retração de 0,4 ponto na comparação anual e alta de 0,8 ponto frente ao primeiro tri.
A queda foi causada pelo aumento do custo do gado, mas o CFO disse que a margem foi alta para um segundo tri e que as margens costumam melhorar no segundo semestre.
O lucro líquido, por sua vez, foi o maior beat no consenso: R$ 458,3 milhões, quase quintuplicando o resultado do ano passado. Na comparação com o primeiro tri, a alta foi de 148%. O consenso era de R$ 162 milhões.
Queiroz disse estar tranquilo com o cenário do segundo semestre, mesmo com o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos. No segundo tri, as exportações cresceram 76% em comparação a 2024 e representaram 60% da receita bruta da Minerva. (Os EUA foram 19% do consolidado da empresa.)
Segundo o CEO, mesmo com o tarifaço de 50% na carne – que ficou de fora das isenções anunciadas – a Minerva consegue atender o mercado americano por meio de suas plantas na Argentina, Paraguai e Uruguai.
“O Trump está sendo mais duro com o Brasil, mas ele está sendo super friendly com a Argentina e nós somos a maior empresa do setor na Argentina,” disse Queiroz.
Com o crescimento do EBITDA e uma redução de R$ 1,4 bilhão de sua dívida líquida, principalmente graças ao aumento de capital de R$ 2 bilhões feito em abril, a Minerva viu sua alavancagem cair 0,6x para 3,16x entre o primeiro e o segundo tri.
“Se anualizarmos o EBITDA do segundo trimestre, nossa alavancagem já estaria em 2,7x, ou seja, abaixo do nível pré-aquisição. Isso mostra a força da geração de caixa e como a estratégia de diversificação vem dando resultado,” disse Ticle.
A empresa disse estar confiante para o segundo semestre, especialmente por causa de fatores estruturais favoráveis, como a oferta global restrita (causada pela queda dos rebanhos no hemisfério norte) e o custo competitivo da América do Sul.
“O Brasil, o Paraguai e o Uruguai são hoje os países com maior competitividade de custo no mundo,” disse Queiroz.
A ação da Minerva cai quase 20% nos últimos doze meses, e a empresa fechou o dia valendo R$ 5,1 bilhões na Bolsa.
Para Ticle, os resultados de hoje devem ajudar a Minerva a retomar a confiança do mercado, reduzindo o ceticismo que cercou a companhia em virtude da aquisição dos ativos da Marfrig e o aumento da alavancagem.
“Eu acho que daqui pra frente vamos começar a merecer mais o benefício da dúvida, porque estamos entregando um resultado igual ou melhor do que nos propusemos,” disse.