O JP Morgan rebaixou a ação do Mercado Livre para ‘neutro’ depois do papel disparar 62% nos últimos 12 meses e ficar com pouco espaço para uma revisão do consenso para cima.

O banco disse ainda que a empresa sofrerá pressões nos resultados no curto prazo, advindas do crescimento do negócio de cartões de crédito e da expansão substancial da infraestrutura logística da companhia. 

A ação do Mercado Livre cai quase 4% no início da tarde, com a empresa valendo US$ 100 bilhões na Nasdaq. 

Os analistas Marcelo Santos e Jessica Mehler dizem que o cartão de crédito é chave para escalar o banco digital e aumentar a principalidade. 

Mas “acreditamos que a pressão de curto prazo imposta por um spread inicial muito baixo não está totalmente compreendida pelo mercado,” diz o relatório. “O spread do cartão de crédito deve ser marginalmente negativo, e deve levar o spread consolidado da companhia dos 36% de 2023 para 32% este ano, 27% em 2025 e 24% em 2027.”

No mês passado, o MELI anunciou que vai dobrar seus centros de distribuição no Brasil, passando dos 10 de hoje para 21. No anúncio, a companhia disse que essa expansão logística não deve pressionar as margens. 

Para o JP Morgan, no entanto, a abertura dos centros de distribuição — cinco deles já no terceiro tri — “provavelmente vai causar algum aumento de custo no curto prazo.”

Todos esses fatores limitam o espaço para um upside nas projeções do mercado, tornando a probalidade de uma reprecificação da ação baixa.

O JP está em linha com o consenso na estimativa de receita para o ano que vem, mas está materialmente baixo no EBIT (-9%) e no lucro (-15%). 

“Também estamos projetando um miss no EBIT do terceiro trimestre,” escreveram os analistas. 

Nas contas do JP, a ação do Mercado Livre negocia hoje a 24x o EBITDA estimado para o ano que vem e a 49x lucro — um valuation esticado. Para se ter uma ideia, a Amazon negocia a 13x e 32x, respectivamente. 

“Nosso downgrade é principalmente por conta das perspectivas de curto prazo para a ação. Ainda continuamos positivos com as perspectivas de longo prazo do MELI, incluindo o potencial para o crescimento do ecommerce na região e a oportunidade substancial do banco digital. Uma penetração mais rápida do negócio de publicidade ou no crescimento do crédito pode nos tornar mais construtivos no curto prazo.”