O Meio — uma newsletter diária que resume os principais acontecimentos do dia — acaba de levantar uma rodada que vai financiar um plano para triplicar o tamanho da empresa nos próximos dois anos.

O investimento joga luz sobre um nicho que está ganhando espaço no Brasil — as startups de jornalismo independente — e vem num momento em que a mídia tradicional ainda bate cabeça para encontrar um ponto de equilíbrio em meio à queda vertiginosa dos assinantes e da publicidade offline.

12014 2ace1fa2 4577 3124 82f5 1694c72ffe07O cheque, de R$ 5 milhões, veio de dois investidores: Silvio Genesini, que foi o CEO do Grupo Estado, da Oracle Brasil e sócio da Accenture; e Tony de Marco, o diretor de arte do Meio.

O Meio foi fundado há cinco anos pelo Pedro Doria — um jornalista com décadas de experiência na cobertura de política e tecnologia — e Vitor Conceição, que já fundou outras duas startups e tem um background em tecnologia.

A opção pelo formato de newsletter não foi à toa.

“Tínhamos que buscar um formato que nos desse controle da audiência, porque é uma loucura montar um negócio que dependa de correr atrás de SEO ou de ficar tentando entender o algoritmo das redes sociais,” Pedro disse ao Brazil Journal. “Além disso, para montar um MVP, era mais barato uma newsletter.”

O crescimento tem sido consistente: o Meio fez seu primeiro disparo para 5.000 assinantes não-pagantes. Essa base subiu para 20.000 no final de 2016, 66.000 em 2018, e bateu 143.000 na semana passada.

Os dois primeiros anos foram financiados com R$ 1 milhão que o Meio levantou junto a friends and family.

Foi só em 2018 que o negócio começou a gerar receita, com uma estratégia de monetização dividida em duas frentes: publicidade e uma assinatura premium, que hoje conta com 9.000 pagantes.

Diferente dos modelos tradicionais de assinatura de mídia, que restringem o acesso a boa parte do conteúdo, o Meio optou por manter a newsletter diária gratuita e oferecer benefícios aos pagantes.

A assinatura premium dá acesso a uma newsletter extra aos sábados (com um conteúdo mais analítico); prioridade no recebimento da newsletter diária; uma editoria de economia dentro da newsletter principal; e o Monitor, uma plataforma proprietária que usa inteligência artificial para fazer a curadoria de notícias.

No ano passado, o Meio faturou R$ 1,75 milhão com esse modelo e teve seu segundo ano de breakeven. A receita veio 55% das assinaturas, 35% da publicidade e 10% da produção de conteúdo para empresas.

O plano com a rodada é triplicar o tamanho da empresa nos próximos dois anos, chegando a 30-40 mil assinantes premium e a uma receita de cerca de R$ 5 milhões.

Para isso, a startup vai começar a investir em marketing — o que deve ajudar no aumento da base, que até agora veio basicamente do boca a boca — e pretende lançar novos produtos, incluindo uma newsletter sobre política.

“O plano é trazer mais benefícios para a assinatura premium, o que deve ajudar tanto na conversão de novos pagantes quanto na retenção da base atual,” disse Vitor.