A MBRF – a empresa resultante da fusão da Marfrig com a BRF – está ampliando sua joint venture com o PIF (o fundo soberano saudita) no mercado halal – numa operação avaliada em US$ 2,07 bilhões e que deve culminar no IPO desta empresa no curto prazo. 

A MBRF já tinha uma parceria com a HPDC, a subsidiária do PIF focada em produtos halal (aqueles que seguem os preceitos religiosos do islamismo) desde 2022, com a companhia brasileira detendo 70% da JV e a HPDC os outros 30%. 

Essa JV era dona de 26% da Addoha Poultry Company, uma produtora local de frango, além de uma fábrica de processados em Jeddah que está sendo construída e um centro de inovação.

Agora, a empresa de Marcos Molina está colocando dentro da JV — rebatizada de Sadia Halal — todas as suas fábricas e centros de distribuição na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes, além de suas empresas de distribuição no Catar, Kuwait e Omã, e o negócio de exportação direta de aves, bovinos e produtos processados para clientes na região MENA.

Marcos Molina ok

Esses ativos tiveram um faturamento de US$ 2,1 bilhões nos últimos 12 meses até junho, equivalente a 7,3% da receita total da MBRF, e um EBITDA de US$ 230 milhões. Na operação, os ativos foram avaliados a US$ 2,07 bilhões, um múltiplo de cerca de 9x EBITDA. 

Com a operação, a participação da HPDC na JV seria diluída para 10%, mas o CEO da HPDC, Fahad AlNuhait, disse num comunicado que o plano é manter a participação em 30%. Para isso, a HPDC vai investir US$ 500 milhões na JV, dos quais US$ 250 milhões irão para o caixa da MBRF e o restante ficará na JV, para a expansão do negócio. 

Uma fonte próxima à MBRF disse ao Brazil Journal que o plano é fazer um IPO desta JV na Bolsa de Riad já no curto prazo — provavelmente no fim de 2026 ou início de 2027.

“A Bolsa de Riad foi a quarta do mundo com mais IPOs este ano, e está com um valor de mercado de US$ 2 trilhões. É uma bolsa muito pujante e todos os IPOs estão saindo com uma forte demanda,” disse esta fonte. 

Segundo a fonte, as empresas comparáveis à Sadia Halal na Bolsa de Riad negociam hoje a um múltiplo de 13x a 15x EBITDA, um upside em relação ao múltiplo de 9x em que a JV foi avaliada na operação de hoje. No Brasil, o setor de proteína negocia a 5-6x EV/EBITDA.

O mercado de produtos halal deve movimentar US$ 1,5 trilhão até 2027, e se sustenta por um forte crescimento populacional. A população muçulmana já é de mais de 2 bilhões de pessoas e deve crescer duas vezes mais do que a população não-muçulmana nos próximos anos. 

No mercado halal, a MBRF já tem um market share de cerca de 40% em frango. O plano agora é entrar também em bovinos, um mercado que é menor nesses países mas vem ganhando musculatura. As proteínas mais consumidas nos países muçulmanos são o frango e o cordeiro.

O Citi assessorou a MBRF.

O Rothschild foi o assessor do HPDC.