O Presidente Lula indicou a advogada Marina Copola, 38 anos, para a diretoria da Comissão de Valores Mobiliários.
Ela vai completar o mandato do diretor Alexandre Rangel, que renunciou ao cargo um ano e meio antes de terminar seu mandato. Marina ainda precisa ser sabatinada no Senado.
A advogada se formou em Direito pela USP e, segundo pessoas próximas, sempre quis trabalhar na área empresarial.
“A mãe da Marina, que trabalhava como administradora em empresas, separava as notícias mais interessantes da Gazeta Mercantil para que ela lesse”, disse uma pessoa próxima.
A intuição foi confirmada já no primeiro estágio, no quarto ano da faculdade, no Pinheiro Neto e Levy & Salomão, onde acabou tomando o caminho do mercado de capitais.
Depois de formada, Marina construiu uma carreira que à primeira vista pode parecer movida pela sorte – estava sempre no lugar certo, na hora certa.
Quando estava para se formar, já pensando num mestrado, Marina tinha o desejo de estudar as agências de rating, mas não via esse campo de estudo no Brasil. Foi quando encontrou, no site da SEC, o regulador do mercado americano, um programa de estágio para estudantes de Direito.
Ela escreveu uma carta para a SEC, conseguiu uma vaga, vendeu o carro e foi para Washington no segundo semestre de 2008. Começou a trabalhar na SEC dias antes da quebra da Lehman Brothers.
Enquanto ainda estava por lá, recebeu um telefonema de Otavio Yazbek, então diretor da CVM, que a convidou para ser sua assessora técnica na autarquia. A ligação veio por indicação de outra ex-diretora da autarquia, a advogada Luciana Dias. Marina conhecera Luciana quando estagiava no Levy & Salomão e pediu a ela o caminho das pedras para conseguir trabalhar na CVM. Luciana não só apontou o caminho, como disse que ficaria com o nome de Marina em mente.
Marina trabalhou com Otavio de 2009 a 2011.
“A Marina tem um DNA regulatório. Ela teve a oportunidade única de assistir a crise de 2008 de dentro do regulador americano,” disse uma fonte. “Saiu de um país em que toda a estrutura regulatória foi colocada em xeque e voltou para o Brasil, que não foi tão afetado naquela crise justamente pelas salvaguardas que tinha e que, inclusive, passou a explicar para outros mercados.”
Depois da passagem na CVM, ela voltou aos EUA, dessa vez para um L.L.M. em Columbia. Precisava trabalhar e conseguiu uma vaga de research assistant com o John C. Coffee, Jr., professor e um dos maiores especialistas no mercado de capitais americano.
De 2013 a 2015, Marina atuou como advogada associada do Debevoise & Plimpton (Nova York), até que novamente recebeu uma ligação de Otávio, que já estava fora da CVM e abrindo seu escritório, o Yazbek Advogados. Marina estava lá até agora.
Nesses oito anos, se destacou em casos envolvendo a conduta de administradores, como manipulação e insider. Em 2016, fez uma especialização em Direito Penal Econômico, via Instituto Brasileiro de Ciências Criminais com a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Também atuou em casos relacionados a controles internos e dever de supervisão. O interesse pelo tema veio da época de assessora na CVM, acompanhando os casos Sadia e Aracruz.
Marina foi o braço direito de Otavio quando ele atuou como monitor independente do MPF na Odebrecht.
Ela é professora da Pós-Graduação Legal Master (LL.M.) do Insper 2020 e fundadora do Women on Board, associação que tem por objeto a valorização da diversidade na composição de conselhos de administração.