Nas primeiras manifestações do tipo dos últimos 30 anos, milhares de cubanos marcharam neste domingo exigindo o fim da ditadura que congelou o país no tempo desde 1959.

Apesar da internet escassa, vídeos e fotos de cubanos marchando ganharam as redes sociais. A maioria silenciosa finalmente gritava “Libertad!”. Outros invertiam o slogan revolucionário “Pátria o Muerte” (adotado pelos bolivarianos há décadas) para “Pátria y Vida”.

Segundo o Miami Herald, os protestos aconteceram em Havana, em cidadezinhas do interior, e em Palma Soriano, a segunda maior cidade do país.

O gatilho para os protestos: a falta de comida e de vacinas e outros itens de necessidade básica.

Um vídeo mostrou uma briga entre os manifestantes e um policial no Malecón, o paredão de pedra que contorna a água na parte velha de Havana.

Ativistas e analistas disseram ao The New York Times que foi a primeira vez que tantas pessoas protestaram abertamente contra o governo comunista desde o chamado Maleconazo de 1994, quando uma enorme onda de cubanos foi forçada a deixar o país por mar rumo a Miami.

Cubanos com acesso ao Twitter dizem que a violência está crescendo.

A causa da liberdade é um direito humano, um valor apartidário que precisa ser abraçado por todos. 

Os eventos deste domingo — que podem ser apenas o início do fim — são uma oportunidade única para a esquerda brasileira rever sua aliança histórica com o regime cubano e abraçar a causa da liberdade, a mesma que inspira boa parte dos brasileiros contra os arroubos autoritários e pretensões golpistas do atual governo.

Liberdade aqui, liberdade lá.

Não importa a cor do regime, nem o presidente do dia.