A LAR, a terceira maior cooperativa agroindustrial do Brasil, concordou em vender sua operação de ovos para a Mantiqueira, a maior granja do País.
A operação respondia por apenas 0,7% do faturamento da LAR – que fez uma receita líquida de R$ 23 bilhões ano passado – mas aumentará em 10% o plantel de galinhas da Mantiqueira além de avançar o posicionamento da companhia nos três Estados do Sul.
A região já responde por 15% do plantel e 20% dos ovos comercializados pela Mantiqueira.
A operação da LAR aumentará o top line da Mantiqueira em R$ 180 milhões. No ano passado, a empresa controlada pelo empresário Leandro Pinto teve um faturamento líquido de R$ 1,5 bilhão em ovos e fez mais R$ 450 milhões em suas operações de boi, soja e milho.
A transação depende de aprovação no rito sumário do CADE, e o closing deve acontecer até 1 de julho.
A compra da operação da LAR marca a entrada definitiva da Mantiqueira no negócio de integrados – em que a companhia fornece as galinhas e a ração, e as famílias avicultoras são remuneradas para produzir o ovo.
A Mantiqueira já estava testando este tipo de operação desde 2021 quando comprou a Gralha Azul, um negócio pequeno que era parte de uma massa falida também no Paraná.
Mas enquanto a Gralha Azul tinha apenas 35 famílias produtoras e 250 mil galinhas, a operação da LAR é muito maior: são 98 famílias e 1,5 milhão de galinhas.
A Mantiqueira está comprando todo o plantel da LAR e a chamada Unidade de Processamento de Ovos (UPO) – um conjunto de ativos que inclui o prédio e a operação de classificação dos ovos.
Comprar uma operação de integrados é “uma forma de crescer com baixo investimento em ativos imobilizados,” disse Márcio Utsch, o ex-CEO da Alpargatas que em fevereiro se tornou sócio e CEO da Mantiqueira, onde já era conselheiro desde 2019.
“O sistema de integração funciona bem no Sul do Brasil, e nos permite atuar naquilo que somos bons: a nossa marca e a nossa tecnologia de certificação e separação dos ovos.”
Com investimentos criativos em marketing, a Mantiqueira tem conseguido abrir o spread entre o preço de mercado da commodity e seu preço realizado consistentemente ao longo dos últimos anos.
Abraçar um negócio asset light “para nós é uma vantagem competitiva importante, especialmente neste momento com o custo de capital onde está,” disse Marcio. “Não estamos privilegiando um modelo em detrimento do outro, e sim fazendo um mix entre os dois modelos.”