O Magazine Luiza fechou mais um trimestre com prejuízo e queda de receita. Mas os dois números mais aguardados pelo mercado – geração de caixa e margem bruta – foram positivos.
A empresa gerou R$ 1,3 bilhão de caixa operacional no segundo trimestre depois de ter queimado o equivalente a R$ 2,9 bilhões no trimestre anterior. Descontando o capex, a geração de caixa ficou em R$ 1 bi, ante um rombo de R$ 3,6 bilhões no trimestre anterior.
Parte da recuperação se deve à sazonalidade: o primeiro tri costuma ser pior, e o mercado já esperava uma recuperação de abril a junho. Mas a projeção era de uma geração mais modesta, próxima de zero.
“Isso mostra que a empresa está conseguindo normalizar os estoques e o pagamento aos fornecedores, que eram grandes preocupações,” disse um gestor comprado na empresa.
A margem bruta aumentou para 28,6%, frente aos 27,8% de janeiro a março, em razão do crescimento das vendas parceladas com juros, aumento do preço cobrado pelos serviços prestados aos sellers, repasse dos custos da inflação e cortes de despesas com pessoal e renegociação de contratos.
A margem EBITDA ajustada da varejista comandada por Frederico Trajano foi de 5,7%, a maior para um trimestre desde 2020.
O ponto negativo foi um prejuízo acima do esperado. A perda líquida ajustada ficou em R$ 112 milhões, enquanto a projeção média era de R$ 87 milhões, segundo a Refinitiv.
O motivo são as elevadas despesas financeiras por conta da alta dos juros, o CFO Roberto Bellissimo disse ao Brazil Journal.
“De forma geral, alcançamos nossos objetivos”, disse o CFO. “Ganhamos market share com aumento de margem e mantendo a qualidade do serviço aos clientes.”
Um destaque positivo que deve gerar frutos no médio prazo foram os bons resultados do marketplace. O total de sellers dobrou em um ano, para cerca de 200 mil. As vendas nesse segmento somaram R$ 3,6 bilhões no trimestre, 22% acima do mesmo período do ano passado.
“Crescemos em regiões fora do Sudeste e em novas categorias de produtos, como moda e beleza,” disse Bellissimo. Segundo ele, 40% das entregas ocorreram em até 2 dias; no segundo tri de 2021, o percentual era de 19%.
Para um gestor, o marketplace pode ser o diferencial do Magalu frente a concorrentes como o Mercado Livre em alguns anos. “A empresa vai atrás de sellers não típicos, como pequenos varejistas que já têm estoques em suas lojas. Com isso, diversifica parceiros, categorias e produtos.”
Bellissimo disse que está otimista para os próximos meses. Além dos sinais positivos de inflação e juros, a Copa do Mundo deve ajudar nos resultados. “Todas as Copas foram muito boas para a empresa, e essa será a primeira com a Netshoes, que é líder em esportes.”