Um incêndio de grandes proporções num galpão em Taboão da Serra destruiu o acervo de arte de diversas galerias importantes de São Paulo — mais um golpe duro para a cultura brasileira, que já perdeu importantes obras de arte em outros incêndios.

Galerias como a Nara Roesler mantinham obras no galpão, que pegou fogo na tarde de ontem. A Zipper mantém obras em outro galpão da empresa, que não foi afetado. A Luisa Strina informou que também não foi afetada.

Segundo o jornal O Taboanense, o galpão pertence ao Grupo Alke, uma empresa de logística e transportes especializados.

Numa nota enviada a artistas e clientes, a Nara Roesler disse que ainda não tem “informações definitivas sobre a dimensão dos danos”, mas que está “realizando um levantamento completo das obras atingidas.” 

Mais que a perda material — que provavelmente será coberta pelo seguro — a perda maior é intangível: o valor irreplicável da inspiração do artista, e de obras que falam do nosso tempo. 

“É uma perda irreparável, são artistas que fizeram esses trabalhos há anos atrás. Tinha obras guardadas lá que tem 15, 20 anos,” disse um colecionador. 

Tipicamente, galpões desta natureza guardam obras do estoque das galerias, obras de colecionadores que pagaram pelos trabalhos mas não têm onde guardar, e até obras dos próprios artistas, que ficam sob a guarda da galeria. 

Para a Nara Roesler, o evento é particularmente triste. O incêndio acontece no dia do aniversário de Nara e um mês depois da galeria abrir um espaço em Nova York, agora o maior de arte brasileira em Manhattan.

O incêndio é mais um alerta sobre a importância de protocolos de segurança e a qualidade da infraestrutura de armazenamento para a arte brasileira. 

A lista de tragédias recentes inclui os acervos do Museu Nacional e do Museu da Língua Portuguesa.

Em 13 de agosto de 2012, um incêndio no apartamento de Jean Boghici, um dos mais importantes marchands do Brasil, consumiu o “Samba” (1925), de Di Cavalcanti, que ilustra essa reportagem.

 

Correção: A versão original deste artigo afirmava erroneamente que obras da Zipper e Luisa Strina foram atingidas.