O resultado do segundo trimestre das empresas listadas mostrou uma queda forte no lucro líquido, EBITDA e receita — com as companhias sofrendo de Selic-ite aguda: despesas financeiras enormes e desaceleração da atividade econômica.
Segundo um relatório do Santander, as 150 empresas listadas sob cobertura do banco reportaram uma queda média de 34,7% no lucro líquido e de 25% no EBITDA. Já a receita líquida caiu em média 8,4% na comparação anual.
Em termos de lucro, os destaques positivos foram os setores de educação, papel e celulose e utilities. Esses setores viram seus lucros crescerem 444%, 352%, e 58%, respectivamente.
Já os destaques negativos foram os setores de alimentos e bebidas (- 95%), mineração (- 82%), e siderurgia (- 53%).
“Em termos de empresas, os principais destaques foram a Cyrela, Hapvida, Mercado Livre e Vivo. E os destaques negativos foram o Grupo SBF, CSN, Marfrig e a Localiza,” escreveram as analistas Aline Cardoso e Luane Fontes.
Os resultados fracos, no entanto, já estava precificados. Segundo o Santander, mais de 80% das companhias analisadas reportaram um EBITDA dentro do esperado pelo banco. Já em relação ao lucro, 46% superaram as projeções do Santander e 32% das empresas reportaram resultados mais fracos.
O Santander também analisou a evolução na frequência de uso de algumas palavras durante os calls de resultado das empresas. Depois de um aumento na frequência de uso de palavras como ‘recessão’ e ‘desaceleração’ nas calls do quarto tri do ano passado, o uso dessas palavras caiu significativamente no primeiro tri e se manteve estável no segundo.
“No final de 2022, esperava-se que a desaceleração na atividade econômica persistisse em 2023. No entanto, a atividade se provou mais resiliente. A pesquisa Focus projetava um aumento do PIB de 0,8% para 2023 no final do ano passado; no final de agosto, essa estimativa tinha subido para 2,3%,” escreveram as analistas.
Para elas, a alta resiliência dos setores de serviços e do mercado de trabalho contribuíram para a visão de que uma recessão está distante.
“Essa percepção é reforçada por uma queda na frequência do uso da palavra ‘desafiador’ no segundo trimestre.”
No trimestre, as palavras mais usadas nas calls, segundo o Santander, foram ‘crédito, ‘financiamento’ e ‘empréstimos’ — refletindo “as preocupações contínuas das companhias com seus balanços e com os altos juros.”
“Também observamos um aumento na frequência da palavra ‘eficiência’, mostrando que as empresas continuam a focar na eficiência de custos para compensar um top line fraco.”