A Klabin acaba de reportar um segundo trimestre com um bottom line bem acima do consenso, ajudado por uma retomada operacional da celulose e um forte crescimento do negócio de embalagens.
A companhia de papel e celulose reportou um lucro líquido de R$ 585 milhões, uma alta de 86% em comparação ao segundo tri do ano passado. O consenso apontava R$ 486 milhões.
O CFO Marcos Ivo disse ao Brazil Journal que o aumento da participação da celulose fluff na receita da Klabin, ajudou no resultado. (A fluff tem preços mais resilientes.)
A receita líquida subiu 6% ano contra ano e chegou a R$ 5,25 bilhões, em linha com o consenso de R$ 5,19 bilhões. Já o EBITDA caiu 1% na comparação anual para R$ 2,04 bilhões, também em linha.
O segundo tri também marcou a retomada operacional da Klabin em celulose após um primeiro tri aquém do esperado graças às incertezas geopolíticas e e eventos não recorrentes de parada de manutenção da planta de Ortigueira, no Paraná.
Entre abril e junho, a produção de celulose subiu 11% e as vendas aumentaram em 14% na comparação com o primeiro tri.
Além disso, o preço médio da celulose subiu 4% em relação ao tri anterior, mesmo com o mercado pressionado pelos altos estoques na China.
O destaque no resultado da Klabin ficou com a fibra longa, que inclui a fluff (a celulose usada na fabricação de produtos como fraldas, absorventes e lenços umedecidos), que respondeu por 29% do volume vendido e 42% da receita de celulose.
“A operação de celulose voltou ao seu pleno potencial de produção neste trimestre. Produzimos mais, vendemos mais, com um mix melhor,” disse.
O executivo também disse acreditar que os preços da fibra curta chegaram ao piso, e enxerga uma possibilidade de correção futura conforme os estoques se ajustem. “Mas ainda há pouca visibilidade de quando isso vai acontecer,” disse.
Já a área de embalagens – a despeito das incertezas econômicas no Brasil e no exterior – cresceu 16% na comparação anual e 10% em relação ao primeiro tri do ano passado.
O volume de expedição de papel ondulado aumentou 6% na comparação anual – ante uma queda de 0,7% do setor.
Segundo Ivo, a Klabin vem se beneficiando da consolidação da operação do projeto Figueira, em Piracicaba, e vem ganhando share por ter melhorado o nível de serviço e focado em grandes exportadores.
O executivo também não enxerga sinais claros de desaceleração do consumo; a demanda por papelão ondulado segue em níveis elevados, a despeito do atual nível dos juros.
Mas Ivo enxerga o mercado de papel-cartão como o mais desafiador neste momento. Segundo ele, há pressão competitiva por importações e uma demanda doméstica mais fraca nessa área. Resultado: retração de 6% no volume de vendas na comparação anual.
Por outro lado, a MP28, a nova máquina de papel-cartão do Puma II, já está operando de maneira mais estável, segundo o executivo.
Como o ramp-up da máquina é gradual, o foco da Klabin agora é na homologação de novos clientes, ganhos de produtividade e eficiência, além do aumento da participação da base de cartões de alto valor agregado, disse o CFO.
A companhia também reportou que manteve a alavancagem em 3,9x, e o CFO disse esperar uma queda relevante nos próximos quatro a seis trimestres graças ao menor capex esperado para 2026, além do ramp-up das novas fábricas e a monetização dos ativos florestais.
O conselho da Klabin aprovou o pagamento de R$ 306 milhões em dividendos, a serem pagos no próximo dia 19.
A ação da Klabin cai 14% nos últimos doze meses, com a companhia negociando a 9x o lucro estimado para 2026.
A empresa vale R$ 22,6 bilhões na Bolsa.