A Starboard acaba de comprar 38% da parte boliviana do gasoduto Brasil-Bolívia, o Gasbol, aumentando sua aposta no segmento de infraestrutura, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
O GTB (Gas TransBoliviano) tem quase 600 quilômetros de extensão e liga a região de Rio Grande, na Bolívia, com o Mato Grosso; a partir dali, outro trecho do gasoduto, o TBG, abastece mercados como São Paulo e Porto Alegre.
A participação comprada pela Starboard pertencia à EIG Energy, um fundo americano focado em energia que investiu no ativo em 2012.
A EIG decidiu vender sua participação porque o fundo pelo qual havia investido já está na fase de desinvestimento. Em 2021, a EIG já havia vendido sua participação de 27,5% na TBG — a parte brasileira do Gasbol — para o grupo belga Fluxys pelo mesmo motivo.
O GTB é controlado pela YPFB, a petroleira estatal da Bolívia, que tem 51% do capital. A Petrobras tem os outros 11%.
Uma fonte próxima à transação disse que o GTB é “quase uma renda fixa de longo prazo.”
“É uma receita muito previsível porque é um contrato de ‘ship or pay’ com a YPFB, no qual ela paga uma tarifa fixa em cima do volume transportado,” disse a fonte.
O ativo, no entanto, tem uma opcionalidade importante. O Brasil tem estudado financiar a Argentina na expansão do gasoduto Nestor Kirchner de forma a conectá-lo ao Brasil.
A opção mais lógica (e menos custosa) seria fazer isso conectando o Nestor Kirchner com o GTB. A outra opção seria construir um outro gasoduto de 500 quilômetros de San Jerónimo, na Argentina, até o Rio Grande do Sul.
Hoje, o GTB transporta cerca de 17 milhões de metros cúbicos de gás por ano. Mas esse volume tende a declinar com o tempo, conforme a produção boliviana de gás for caindo.
Caso o gasoduto Nestor Kirchner se conecte com o GTB, esse volume de transporte poderia se manter nos 17 milhões por um tempo maior, segundo a fonte.
Outro plano da Starboard é investir na revitalização de campos de gás na Bolívia, o que também ajudaria no volume de gás transportado pelo GTB.
O investimento no GTB é o quarto da Starboard no setor de infraestrutura, depois do turnaround da Gemini, da aquisição da termelétrica de Pampa Sul e do leilão do Rodoanel Norte.
A gestora também tem uma franquia consolidada no segmento de óleo e gás. Foi ela que criou a 3R, uma das principais empresas independentes de petróleo do Brasil. Recentemente, a Starboard também investiu na Maha, uma petroleira que vendeu todos os seus ativos no Brasil para a PetroRecôncavo e agora deve usar o R$ 1 bilhão que tem no caixa para uma agenda de M&As.
A Starboard tem R$ 5 bilhões em ativos sob gestão.