Numa reviravolta que vai afundar os ativos argentinos e gerar seminários de ciência política comparada no Brasil, a Argentina está caminhando rumo à volta do Kirchnerismo ao poder.
Nas eleições primárias deste domingo, com 84% dos votos contados, a chapa ‘Frente de Todos’, de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, teve 47% dos votos, contra 32% para o Presidente Mauricio Macri, que busca a reeleição.
A maioria das pesquisas apontavam que Macri perderia por apenas 2 ou 3 pontos percentuais, levando muitos investidores a acreditar que a diferença seria facilmente superável na eleição de 27 de outubro.
Agora, o mercado vai trabalhar com uma vitória do Kirchnerismo como a aposta mais provável.
As primárias são uma espécie de prévia do primeiro turno. Para vencer a eleição no primeiro turno, um candidato precisará de 45% dos votos, ou 40% e ao menos dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Fernández foi chefe de gabinete de Nestor e Cristina Kircher entre 2003 e 2008.
Cristina governou entre 2007 e 2015 e destruiu a economia — Dilma-style — nacionalizando empresas, antagonizando investidores e manipulando dados oficiais.
Mas o argentino médio sentiu a dor do ajuste de Macri, e ainda convive com uma inflação anualizada de cerca de 55%.
Em seu discurso de vitória domingo à noite, Fernández disse sobre o Governo Macri: “Nós éramos a mudança, não eles,” e afirmou que o Peronismo sempre “conserta os problemas causados pelos outros.”
O choque eleitoral deste domingo mostra, mais uma vez, como os mercados operam com informação ruim quando o assunto é política.
Na sexta-feira, o índice Merval subiu 7,8% com otimismo em relação ao resultado eleitoral. Desde o início do ano, o índice acumula uma alta (em pesos) de 46,2% em pesos e 21,8% em dólares.