Não é à toa que o dólar está flertando com cair abaixo de R$ 5.
Diversas empresas brasileiras estão no mercado internacional neste momento, e as que já captaram viram um quadro de liquidez abundante. Como é comum neste tipo de ambiente, CFOs e banqueiros reportam compressão de taxas e demandas muitas vezes o tamanho das ofertas.
Os dados das transações abaixo são do REDD, uma das fontes de informação mais confiáveis do mercado de renda fixa, e confirmadas pelo Brazil Journal.
A Light começou um roadshow ontem para captar US$ 600 milhões num papel de cinco anos — mas com o apetite do mercado, um aumento da oferta não seria surpresa.
Segundo o REDD, dois terços do total serão emitidos pela Light e o restante por sua subsidiária de geração, Light Energia.
Bookrunners: Bradesco BBI, Citigroup, Itaú BBA, Morgan Stanley, Santander, UBS e XP.
A Azul precifica agora à tarde um bond de cinco anos, cujo price talk estava na área de 8% mas já foi revisto para 7,375%. A expectativa é levantar de US$ 300 milhões a US$ 500 milhões.
Bookrunners: BTG Pactual, Citigroup, Itaú BBA, JP Morgan, Morgan Stanley, Safra, Santander e UBS.
Finalmente, a Stone está no mercado testando vencimentos em 5, 7 e 10 anos. A expectativa é levantar de US$ 500 milhões a US$ 750 milhões.
Bookrunners: Bradesco BBI, Citigroup, JP Morgan, Goldman Sachs, HSBC, Itau BBA, Morgan Stanley, BTG Pactual, UBS, XP.
Ao longo de boa parte do ano passado, muitas empresas brasileiras aproveitaram a Selic baixa para tomar dívidas em reais (no mercado interno) e recomprar seus títulos em dólar. Este movimento ajudou a sustentar o dólar nos níveis de R$ 5,30/R$5,40.
Mas depois que o BC começou a aumentar a Selic em março, a curva de juros brasileira começou a inclinar — revertendo o movimento anterior.
Com o DI de 2029 a 8,76%, uma empresa brasileira consegue emitir lá fora ao redor de 4,5% e, depois de gastar mais 3 pontos percentuais com hedge cambial, seu custo total ainda fica ao redor de 7,5% — ainda abaixo da curva de juros local.
Na semana passada, Petrobras, CSN e PetroRio captaram US$ 2,95 bilhões.
O bond da Petrobras foi de 30 anos e saiu a uma taxa de 5,75%.
A CSN captou 10 anos a uma taxa de 4,625% — menor do que o guidance original de 4,75%. Benjamin Steinbruch vai usar os recursos para financiar a recompra de uma dívida mais cara (US$ 925 milhões a 7,625%) que vence em 2023.
Ontem, a JBS levantou US$ 1 bilhão num sustainability-linked bond que vence em 2032 a uma taxa de 3,75%.
Ainda que as emissões sinalizem que bilhões de dólares vão entrar no País, parte do efeito sobre a taxa de câmbio já aconteceu, já que as empresas tendem a fazer o hedge do total captado dias antes de precificar a oferta.