O Labi, uma rede de laboratórios de baixo custo fundada pelo ex CEO da Dasa, Marcelo Noll Barboza, está levantando R$ 20 milhões numa rodada liderada pela e.Bricks Ventures.
Os recursos vão financiar o primeiro salto de expansão do grupo, que deve passar de 12 para 30 lojas no próximo ano e pisar pela primeira vez fora da região metropolitana de São Paulo.
A ideia é fazer uma nova captação daqui a um ano e atingir pelo menos 70 unidades.
Criado em 2017, o Labi é focado unicamente em exames de análises clínicas. Um hemograma completo sai por R$ 10, enquanto um exame de colesterol total e frações sai por R$ 28. O valor é um décimo do praticado nos laboratórios premium e chega a ser metade do preço das marcas mais populares.
“Os exames são uma porta de entrada da população para a saúde, é algo barato”, diz Barboza. “Estima-se que no Brasil há 7 milhões de diabéticos que não sabem que são diabéticos e dá pra descobrir isso com um exame de R$ 16”.
Além de Barboza — que liderou também a GE Healthcare na América Latina e foi CEO local da farmacêutica Bausch Health —, a Labi tem como sócio e COO Octavio Fernandes, que foi diretor médico e VP de operações da Dasa, onde trabalhou por 18 anos.
Apesar de atender alguns convênios médicos, como Porto Seguro, Unimed e Careplus, o foco do Labi é a população que não tem plano de saúde. Boa parte dos exames feitos pelo Labi vem de prescrições de médicos do SUS.
A empresa tem também pacotes de checkup acessíveis, que não necessitam de pedido médico e cujos preços variam de R$ 45 a R$ 195.
As opções incluem desde checkups gerais até mais específicos, voltados para estilos de vida como vegetarianos ou o ‘fitness’, que avalia o metabolismo de quem pratica exercícios físicos com frequência. Se o exame mostra alguma alteração, o laboratório entra em contato, indicando o especialista a ser procurado.
“As pessoas que não têm convênio normalmente não vão ao médico a menos que tenham algum sinal visível de doença”, diz Barboza. “Fizemos uma pesquisa e concluímos que, depois do checkup, metade dos pacientes acabam procurando um médico”.
O preço baixo dos exames é garantido essencialmente por uma estrutura enxuta, com apoio de tecnologia para os serviços de backoffice. É um negócio de margem apertada e que depende de escala — mas, segundo Barboza, as unidades abertas há mais tempo já dão lucro.
A Labi não tem exames de imagem, cujos equipamentos custam caro e exigem a presença de um médico, e o processamento dos exames é feito por dois laboratórios terceirizados. Os agendamentos e o pagamento podem ser feitos pela Internet e pelo app, o que diminui as filas e a necessidade de atendentes na recepção.
Os resultados também ficam disponíveis no app e tem uma linguagem mais clara, para que o paciente possa interpretá-los.
“O que o cliente mais valoriza é ser bem tratado e num ambiente ágil”, diz Pedro Sirotsky Melzer, managing partner e CEO da e.Bricks. “O Labi conseguiu entregar isso na ponta, e com uma operação bastante leve”.
O investimento vem num momento em que a e.Bricks está reforçando sua equipe com a chegada de Márcio Trigueiro, que vai dividir o comando da gestora com Melzer.
Trigueiro fez uma carreira de 15 anos na GP Investimentos, que culminou no investimento na Sascar, onde serviu como CEO. A Sascar foi vendida para a Michelin em 2014 por R$ 1,6 bilhão.
Trigueiro também foi CEO da PDG entre 2015 e 2016, num período em que a construtora, hoje em recuperação judicial, já estava com a corda no pescoço.“Já passei por situações que empreendedores passam, que é tudo dando errado, não tendo como pagar a folha no fim do mês”.
Após ter levantado R$ 300 milhões desde 2014 em dois fundos, a e.Bricks — que já investiu em empresas como Contabilizei, GuiaBolso, RockContent e App Prova — está prestes a lançar seu terceiro fundo, de US$ 130 milhões.
O cheque maior reflete a maturidade do ecossistema de venture capital, que conta não só com mais abundância de capital externo, como também se beneficia das taxas de juros em patamares historicamente baixos e uma leva mais qualificada de empreendedores.