Nos últimos anos, a Tegra – a incorporadora residencial da Brookfield – decidiu mudar seu foco e passou a atuar somente em imóveis de alta renda. 

O motivo para isso é óbvio: a taxa de juros em alta dificulta a vida dos consumidores mais pobres. 

Mas a Tegra percebeu que a oferta de empreendimentos de alto padrão estava muito commoditizada. Nas palavras de Thiago Castro, diretor-executivo de negócios da empresa, faltavam “beleza e alma”.

“Estamos em uma obstinação para fazer prédios mais bonitos, construir prédios melhores,” Castro disse ao Brazil Journal

Para isso, a incorporadora passou a buscar parcerias estratégicas com grandes nomes da arquitetura internacional, como Norman Foster – o criador, dentre outros empreendimentos, do campus da Apple em Cupertino, e o The Gherkin, em Londres.

Porém, Foster era muito caro – e a Tegra também estava procurando um outro estilo de arquitetura, “sem pirotecnias”, nas palavras de Castro. 

Depois de muito procurar, a empresa fechou com o Lissoni & Partners, o escritório do arquiteto italiano Piero Lissoni, com quem vai lançar 11 empreendimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro, com o selo “Tegra + Lissoni”.

O Lissoni & Partners tem no portfólio projetos como o (inesquecível) Conservatorium Hotel, em Amsterdam, e o The Ritz-Carlton Residences, em Miami. 

“Eles têm uma linha de decoração e de paisagismo muito clean e elegante. Nosso DNA é muito parecido com isso,” disse Castro. “Queríamos um escritório que desenvolvesse projetos completos e não apenas emprestasse a marca.”  

O primeiro dos empreendimentos acaba de ser lançado: um residencial no bairro da Chácara Klabin, na Zona Sul de São Paulo, com um VGV de R$ 450 milhões. O projeto terá 96 apartamentos de 210 m², e está sendo precificado 10% acima do preço médio de lançamentos do mesmo padrão na região. 

O próximo no pipeline será um empreendimento à beira mar na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.

A Tegra já possui os 11 terrenos para os projetos.

“Temos alguns terrenos em bons locais, como Higienópolis, mas que não tem o tamanho que justifique projetos com a Lissoni, que também são mais caros para a Tegra,” disse.

A Tegra, que é listada na Bolsa na categoria A, segue na fila para um IPO. 

Enquanto as janelas não abrem, a empresa vem acelerando sua estratégia para atender o alto padrão. Atualmente, 63% do landbank da Tegra é de terrenos voltados para o alto padrão – há dois anos, antes da virada de chave, esse percentual era de 41%.

Nos nove primeiros meses de 2024, a Tegra registrou R$ 1,1 bilhão em lançamentos – 4,5x mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. 

De janeiro a setembro, a incorporadora teve R$ 1,1 bilhão em vendas brutas – 43% de alta ano contra ano – e um prejuízo de R$ 3 milhões, causado pela venda de terrenos que não se mostraram mais viáveis.