A Klabin atraiu um investidor que vai injetar R$ 1,8 bilhão no caixa da companhia, tornando-se sócio da empresa em terras excedentes adquiridas no projeto Caetê.
O acordo foi assinado com uma TIMO (Timber Investment Management Organization), um veículo de investimentos criado por investidores institucionais para investir em florestas.
A maioria das TIMOs hoje são americanas ou europeias e, no Brasil, há apenas uma relevante: a TTG, do BTG Pactual.
A Klabin não revelou o nome da TIMO que fez o investimento, mas disse que já fez outras operações com este mesmo parceiro.
O acordo — que reduzirá a alavancagem da Klabin — envolve a criação de 4 SPEs que serão controladas pela empresa. A Klabin terá 57% do capital total (16% das PNs e 92% das ONs) e a TIMO, o saldo. A Klabin aportará nas SPEs 60 mil hectares de terras plantadas e 43 mil hectares de terras produtivas.
A maior parte dessas terras são do projeto Caetê — a aquisição que a Klabin anunciou em dezembro passado — mas a empresa também vai aportar outras terras que já possuía.
O CFO Marcos Ivo disse ao Brazil Journal que a decisão de criar 4 SPEs foi para “respeitar a vocação de cada área.” Enquanto em algumas das áreas a melhor alternativa para gerar valor é a venda da terra para agricultura, em outras o melhor retorno pode vir de replantar os terrenos.
Segundo o CFO, com a transação de hoje a Klabin está executando o que prometeu na aquisição de Caetê, “mas de uma forma ainda melhor.”
“Estamos entregando a monetização do excedente de maneira antecipada e mais inteligente,” disse Ivo. “Com essa operação eu já tiro quase tudo do balanço de uma vez, e vou ter um parceiro que vai ficar plantando madeira e abastecendo a gente.”
A outra alternativa seria a Klabin ir vendendo as terras gradativamente conforme fosse colhendo a madeira — o que levaria muito mais tempo para se chegar ao mesmo resultado. (A projeção da companhia era de vender os 60 mil hectares excedentes de Caetê ao longo de 13 anos, entre 2025 e 2038).
A transação também vai ajudar na desalavancagem da Klabin.
A companhia fechou o segundo tri com uma dívida líquida de 3,2x EBITDA, um número que já deve ter subido para 3,9x no terceiro tri, dado que a empresa fez o pagamento de Caetê no trimestre.
Com a operação de hoje, a alavancagem deve cair 0,2x, segundo Ivo.
“Estamos no momento de colher frutos dos investimentos que fizemos e vamos entrar num processo acelerado de desalavancagem,” disse o CFO.
Além da transação de hoje, a desalavancagem virá do ramp up da produção: a estimativa da companhia é adicionar mais 200 mil toneladas de produção no ano que vem.
Em paralelo ao anúncio de operação com a TIMO, a Klabin também anunciou duas mudanças em suas políticas financeiras, buscando melhorar a disciplina financeira e a alocação de capital.
A Klabin tornou sua política de endividamento mais restritiva, reduzindo o limite permitido de 4,5x EBITDA para 3,9x e reduzindo o tempo em que ela pode ficar com essa alavancagem máxima de 24 meses para 12 meses. Além disso, alterou sua política de dividendos, diminuindo a distribuição mínima atual de 15% a 25% do EBITDA para um novo intervalo de 10% a 20%.
“Tudo isso é uma mensagem de confiança na desalavancagem que vem pela frente,” disse Ivo.
Essa não é a primeira transação que a Klabin faz com uma TIMO. Desde 2018, a companhia fez outras cinco transações com quatro parceiros diferentes, além de dois follow-ons com estas TIMOs.
Em tamanho, no entanto, a operação de hoje é disparada a maior. Para se ter uma ideia, todas as outras operações que a companhia fez antes somaram R$ 1,9 bilhão, quase o mesmo montante que levantou agora.
A Klabin disse ainda que poderá receber uma tranche adicional de R$ 900 milhões no segundo tri do ano que vem. Segundo Ivo, essa tranche viria de um co-investidor, que já é alocador da própria TIMO, mas que está estudando entrar diretamente na transação.
Se essa tranche for feita, a participação da Klabin nas SPEs seria diluída, mas a companhia continuaria com o controle dos negócios.