O JP Morgan disse que a Anima se tornou a top pick no setor de educação, com um upgrade para buy e preço-alvo de R$ 6,50 – um upside potencial de 77% em relação ao preço do fechamento de sexta-feira.
A ação da Anima sobe 5,1% por volta do meio dia. A empresa vale R$ 1,5 bilhão na B3.
Os analistas Marcelo Santos, Jessica Mehler e Frolyan Mendez deram quatro motivos para justificar o otimismo com o papel.
O primeiro é o ajuste de custos recente que a companhia adotou em seus campi, o que pode ajudar a melhorar os resultados já no segundo semestre.
Entre as medidas adotadas estão uma redução de custos com professores, além de menores gastos administrativos e uma menor distribuição de bolsas de estudos.
Nas contas do JP Morgan, os resultados operacionais devem aumentar 4% nos próximos dois trimestres – ante uma queda de 18% entre janeiro e junho.
O outro é o fato da empresa ter performado bem pior do que os seus pares nos últimos 12 meses, o que deixou o papel mais barato na visão do banco.
Nos últimos doze meses, as ações da Anima caem 25%, enquanto Yduqs e Cogna tiveram uma valorização de 65% e 13%, respectivamente.
Com isso, a Anima está negociando a um múltiplo EV/EBITDA de 5x. Afya (6,2x), Yduqs (5,9x), Cogna (5,5x) e Ser (5,1x) estão à frente.
O terceiro motivo para A recomendação de compra é que o ambiente regulatório na área de medicina está ficando mais claro após a decisão do STF para controlar a oferta e a demanda dos cursos na área, restringindo novas unidades ao programa Mais Médicos.
Na visão do JP, como solicitações avançadas de novos cursos não devem ser prejudicadas pela decisão, a Anima pode obter de 100 a 300 vagas de medicina – bem mais rentáveis do que a de outros cursos.
O último ponto – mas não menos importante – que pode ajudar a Anima é a provável retomada do FIES.
O JP enxerga que a empresa pode ficar à frente das suas concorrentes por causa da maior exposição da empresa em cursos presenciais – o segmento que deve ser o mais beneficiado pelo FIES.
Nas contas dos analistas, um FIES de 150 mil contratos poderia aumentar as margens dos campi da Anima em 5 pontos percentuais e volumes em 15%.
Por ainda faltarem informações sobre o novo programa, o JP não levou em conta o FIES para definir o preço-alvo da Anima no cenário base. Caso o programa venha em linha com a expectativa do banco, a ação pode chegar a R$ 11 – um upside de 180%.
Porém, há riscos. Seguem os debates a respeito dos repasses das empresas de educação para o fundo garantidor do novo FIES, o que ajudou a derrubar as ações da Anima após o resultado do segundo tri.
No primeiro semestre, as empresas tiveram que pagar a inadimplência total do FIES do ano anterior, o que impactou os resultados tanto de Anima quanto de Yduqs.
Os analistas do JP dizem acreditar que deve ser colocado um limite de 25% para a transferência de inadimplência para as empresas. Se isso não acontecer, a adesão delas ao FIES deve ser menor.
O outro risco é a alavancagem da Anima.
A empresa fechou o segundo tri com alavancagem de 3,9x. Há uma cláusula de covenants de 3,5x no quarto tri, que é restritiva na visão do JP. Porém, os analistas veem como possível caso haja uma venda de ativos da ordem de R$ 135 milhões.