O JOTA — mais conhecido pelo site que cobre o Poder Judiciário e o Congresso — acaba de levantar R$ 6,8 milhões numa rodada de ’seed capital’ liderada pela Astella Investimentos. O valuation não foi divulgado mas, como é típico em rodadas assim, a transação inclui uma pequena participação minoritária.
 
Fundado em 2014 por um grupo de jornalistas, o JOTA tem um modelo de negócios baseado em assinaturas. Seus clientes são gestores de fundos de investimento, diretores de relações institucionais de grandes empresas e firmas de advocacia.
 
Mas ao contrário de um veículo de mídia tradicional, o JOTA está se diferenciando por investir na análise de dados como uma ferramenta preditiva do comportamento dos Três Poderes — um conhecimento que vale milhões no mercado financeiro e é um diferencial para advogados e empresas envolvidos em processos judiciais.
 
Os recursos aportados pela Astella vão acelerar o investimento em tecnologia com dois objetivos: tornar o produto mais atrativo (aumentando a acurácia das previsões) e tornar o próprio processo de vendas mais científico.
 
O investimento no JOTA se dá num momento de nascimento de novos veículos de mídia digital, mas não demonstra necessariamente interesse por ativos de mídia.
 
Laura Mello, a sócia da Astella responsável pelo investimento, disse que o fator ‘tecnologia’ foi decisivo, e que vê o JOTA mais como uma empresa de ‘sistemas de informação’ do que ‘mídia’.

“É interessante ver como a tecnologia pode trazer escalabilidade ao acompanhamento que eles fazem [dos Três Poderes], e como a ferramenta é voltada para a tomada de decisão”, o que favorece a monetização dos dados, disse Laura.
 
No final de abril, o JOTA tinha 170 mil usuários gratuitos cadastrados em sua base. Mas a definição de “gratuito” também mudando.  Antes, o site permitia 3 matérias gratuitas antes de obrigar o usuário a se cadastrar, o que em seguida dava acesso a outras 10 matérias gratuitas.  Agora, o usuário tem que se cadastrar desde o início, o que lhe dá acesso a 10 matérias antes de começar a pagar R$ 20/mês.
 
Mas o ‘cash cow’ da empresa é seu produto premium — o JOTA PRO Poder — que faz um acompanhamento detalhado da tramitação de leis no Congresso e de processos no Judiciário, além de cobrir algumas agências reguladoras.
 
O JOTA PRO tem um tíquete médio mensal de R$ 7 mil, mas, dependendo do nível de complexidade do acompanhamento, há clientes que pagam mais de R$ 20 mil/mês.  O produto compete com consultorias políticas tradicionais, empresas de big data e outros sites jornalísticos — e mistura atributos dos três.
 
Uma das funcionalidades do JOTA PRO é o Índice de Governabilidade, que mede o apoio do Governo no Legislativo e, recentemente, acertou 47 dos 48 votos favoráveis à reforma da Previdência na CCJ.
 
O JOTA faturou R$ 6 milhões em 2018 com uma estrutura de 35 funcionários, além dos cinco sócios-fundadores que trabalham na operação.
 
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