Os hotéis Fasano e o shopping Cidade Jardim estão lotados até a tampa – levando a JHSF a reportar mais um trimestre com fortes resultados em seus negócios de renda recorrente. 

A companhia controlada por Zeco Auriemo reportou uma receita líquida de R$ 532 milhões no quarto trimestre, uma alta de 10,7% ano contra ano.

O EBITDA ajustado veio em R$ 281 milhões, 25% maior que o do quarto tri de 2023 e 60% acima do consenso. 

Augusto martinsJá o lucro líquido ficou em R$ 419 milhões, o dobro do ano anterior, ajudado pela apreciação do valor dos ativos da companhia (+R$ 258 milhões) e um imposto de renda menor. 

O CEO Augusto Martins disse que os negócios de renda recorrente responderam por mais de 60% do EBITDA no ano passado, atingindo a meta que a companhia havia estipulado. 

“É um resultado histórico, que reafirma e valida essa estratégia,” Augusto disse ao Brazil Journal. “Com o crescimento da renda recorrente, estamos suavizando a volatilidade dos ciclos econômicos e deixando a empresa menos suscetível ao cenário macro, que é o que se vê nas empresas só de incorporação.”

O destaque do trimestre foi a operação de shopping centers: as vendas totais dos lojistas cresceram 20%, o ‘same store sales’, 13%, e o ‘same store rent’, 15%.

Foi mais um trimestre de crescimento acima do mercado de malls. O maior crescimento foi no Shopping Cidade Jardim – o flagship da empresa – que cresceu 32%, seguido pelo Shops Jardins (31%), e pelo Catarina Fashion Outlet (10%).

“E todo esse crescimento não tem vindo de ocupação, já que estamos com quase 100% de ocupação. É tudo de melhora de performance operacional e de uma curadoria maior do mix, com maior exclusividade na proposta e um forte trabalho dos lojistas,” disse o CEO.

Ele lembrou que os shoppings do grupo atraíram marcas relevantes no quarto tri, com a entrada do restaurante francês L’Avenue e da flagship da VanCleef no Cidade Jardim, além da abertura da única loja da Brunello Cucinelli na América Latina e do GiuGiu Ristorante, ambos no Shops Jardins.

Para este ano, a companhia projeta uma expansão importante em seu portfólio, incluindo a inauguração do Boa Vista Town Center, um shopping de 14 mil metros quadrados de ABL dentro do Complexo Boa Vista; uma nova expansão do Cidade Jardim, com a abertura de três novas flagships de marcas internacionais que não estão no Brasil; além da inauguração da segunda fase da Usina São Paulo, com a abertura de uma nova área de escritórios, do hub de mídia e de uma área destinada a arte e cultura. 

Para 2026, a JHSF terá a inauguração do Shops Faria Lima, na esquina da Faria Lima com a Leopoldo Couto; e fará uma nova expansão do Catarina Fashion Outlet. 

Quando todos esses projetos estiverem prontos, Augusto disse que haverá uma expansão de mais de 70% do ABL total da companhia.

Em hospitalidade e gastronomia, a JHSF também reportou resultados sólidos no trimestre. Nos hoteis, a chamada RevPar (a receita por quarto disponível) cresceu 25% ano contra ano para R$ 2.600, enquanto nos restaurantes o número de atendimentos se manteve flat mas o tíquete médio subiu 15% para R$ 363. 

Na vertical de incorporação, a JHSF teve um resultado praticamente estável, com vendas de R$ 243 milhões, uma alta de 3% ano contra ano e em linha com as projeções do mercado. 

A maior parte das vendas foi do Reserva Cidade Jardim, o complexo residencial de quatro torres na Marginal Pinheiros que está sendo vendido a um preço recorde – R$ 100 mil por metro quadrado – e do complexo Boa Vista. 

O CEO disse que apesar das vendas estáveis no trimestre, a companhia tem mais de R$ 800 milhões em receitas a apropriar nos próximos trimestres de vendas que já foram feitas, principalmente do Reserva Cidade Jardim. (Pela contabilidade do setor, essas vendas vão entrando como receita à medida que a obra vai avançando.) 

Na incorporação, o destaque negativo foi a margem bruta, que caiu 14,6 pontos percentuais no trimestre, para 76,6%. 

A queda teve a ver com um efeito contábil de reversão de custos que ocorreu no quarto tri de 2023. “Tivemos uma revisão no orçamento de obras, que gerou essa reversão de custos que entrou forte no quarto tri de 2023 e inflou a margem. Mas o que entregamos agora é o nosso nível normal,” disse o CEO.