O Rising Stars — o fundo de R$ 770 milhões que o Itaú levantou junto a clientes para investir em novas gestoras — está fazendo seu terceiro investimento, apenas duas semanas depois de aportar R$ 100 milhões na ACE Capital.
Desta vez, a gestora escolhida é a Blueline, a casa macro fundada em 2019 por dois ex-JP Morgan: Giovani Silva, que foi o head da tesouraria do banco para a América Latina, e Fabio Akira, que foi o economista-chefe do banco no Brasil. Os dois trabalham juntos há quase 20 anos.
O terceiro sócio é Jorge Oliveira, que entrou no ano passado na Blueline depois de sete anos na asset do JP cobrindo equities.
Carlos Augusto Salamonde, o CEO da Itaú Asset, disse ao Brazil Journal que a Blueline une o talento de Giovani – “um ganhador de dinheiro em diversas situações de mercado” – com a habilidade comercial e visão macro de Akira. “São skills muito complementares.”
O Rising Stars está investindo R$ 200 milhões na gestora, que até agora tinha R$ 300 milhões sob gestão em dois fundos: um flagship macro e um fundo de previdência.
Como é padrão nas transações com o Rising Stars, a gestora compartilhará uma parte de sua receita com o fundo – um revenue share ao longo dos 10 anos de duração do investimento – permitindo aos clientes do Itaú participar de seu crescimento.
O fundo flagship da Blueline — o Blue Alpha Master — deu um retorno de 25,26% desde o início (julho de 2019), em comparação a 9,94% do CDI. No período, a volatilidade foi de 5,5% com um índice Sharpe de 1.
Historicamente, o Blue Alpha Master tem uma exposição de 70% do portfólio em ativos globais (nos EUA, Europa e Ásia), 20% no Brasil e 10% na América Latina.
Mas nos últimos dois meses, a gestora zerou a posição no Brasil e América Latina e está com 100% da carteira no exterior.
A Blueline também reduziu sua exposição a Ásia e Europa e está com 90% do portfólio alocado em ações americanas.
Giovani diz que tem investido majoritariamente nos setores de financials, commodities, tecnologia, consumo discricionário, energia e healthcare — sempre por meio de ETFs.
“Estamos vendo uma recuperação cíclica mundial, e buscamos os ativos que andam mais nesse cenário. Depois, escolhemos os melhores ETFs setoriais, que tenham o melhor Sharpe,” disse Giovani.
Segundo ele, a estratégia da gestora é conciliar esse investimento macro fundamentalista com uma “agilidade grande para proteger o capital em momentos de disfuncionalidade dos mercados.”
Para Akira, mais do que o seed money, o investimento do Rising Stars vai ajudar a gestora na distribuição do fundo, na análise do timing de produtos, e na atração de talentos.
“O programa é interessante porque dá essa parte de mentoria mas deixa a gestora 100% independente, não tem ingerência nenhuma na empresa nem no portfólio,” disse Akira. “Continuamos com liberdade e ganhamos uma ajuda muito importante na parte de empreendedorismo, do negócio, que é algo novo pra gente.”
Depois do investimento de hoje, o Rising Stars já alocou R$ 500 milhões dos R$ 770 milhões que levantou.
Salamonde diz que o fundo deve fazer mais um investimento no início do ano que vem, e que o banco já tem planos de levantar um Rising Stars 2.
A RRZ Consultoria assessorou a Blueline na transação.