Roberto SetúbalNa semana passada, mostramos aqui por que o Itaú Unibanco deveria comprar a XP Investimentos, ao mesmo tempo defendendo seu negócio e investindo num empresa com crescimento acelerado e espírito de startup.
 
Esta tarde, a Coluna da Broadcast confirmou que conversas entre os dois lados estavam de fato acontecendo.
 
Mas, agora à noite, a revista EXAME dá o negócio como iminente.
 
Segundo o repórter Tiago Lethbridge, “as conversas estão adiantadas e o anúncio pode ser feito nas próximas horas.” 
 
Segundo Lethbridge, “pela proposta que vem sendo discutida, o Itaú comprará 49,5% das ações da XP por cerca de R$ 6 bilhões. Os atuais sócios da XP, liderados pelo fundador Guilherme Benchimol, manterão o controle da companhia, que será administrada de forma independente.”
 
Pedro Moreira SallesAo que tudo indica, a operação está sendo feita nos mesmos moldes do negócio que Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles fizeram com Jayme Garfinkel em 2009, quando o Itaú comprou uma participação minoritária na Porto Seguro com cláusulas que lhe dão uma opção de compra do controle no longo prazo.
 
Aquele modelo permitiu que a Porto mantivesse o alinhamento com seus corretores. No caso da XP, o investimento do Itaú deve permitir que a corretora continue a contar com os agentes autônomos, que dão capilaridade à empresa e garantem tratamento personalizado aos clientes.
 
A notícia é péssima para os bancos de investimento, pois sepulta o que — muito provavelmente — seria o maior e mais quente IPO do ano.
 
Guilherme BenchimolCom a XP, o Itaú pode acelerar sua capacidade de inovação e aprendizado num momento em que as fintechs ameaçam o modelo de negócios dos grandes bancos, forçando a desintermediação num número crescente de produtos e serviços.
 
Alguns críticos dirão que o Itaú poderia ‘construir do zero’; outros, que a compra é insensata porque a ameaça competitiva que ela remove agora é nada menos que inexorável: neste exato momento, uma série de outros players estão tentando copiar o modelo XP e melhorá-lo.

Este debate é muito interessante, mas no fim das contas, estéril.
 
Para os sócios da XP, da mesma forma, o debate sobre se sua melhor escolha teria sido o mercado de capitais ou a parceria com o Itaú só será resolvido com o que os americanos chamam da ‘prova do pudim’, isto é, na prática.  Uma governança bem costurada, que garanta o crescimento e a contínua flexibilidade da XP, é no melhor interesse do comprador.
 
O diabo, como se sabe, mora nos detalhes.