Agora à noite nos corredores do Itaú, o barato é dizer que foi um “resultado limpo.”

A mudança no mix de produtos de crédito – com crescimento dos produtos clean que têm maiores spreads e o aumento da receita de prestação de serviços – foram dois fatores principais que levaram o Itaú Unibanco a um lucro de R$ 7,16 bilhões no quarto tri de 2021.

O resultado foi 32,9% maior do que o obtido no mesmo intervalo de 2020 e ficou 6,8% acima do consenso Bloomberg.

Para o ano fechado de 2021, o lucro cresceu 45% para R$ 26,9 bilhões – o recorde continua sendo o resultado de 2019, de R$ 28,4 bilhões.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 20,2% no último trimestre de 2021, ante 16,1% no 4TRI20. No ano, o ROE foi de 19,3%.

Para um gestor, o destaque do resultado do banco no 4TRI é que foram números fortes, limpos e consistentes com o que o banco sinalizou para o mercado durante todo o ano de 2021 – com crescimento saudável da carteira de crédito.

Desde meados do ano passado, o Itaú já vinha dizendo que o ambiente do crédito estava se deteriorando, mas que vinha tomando iniciativas para crescer de forma controlada, observando o portfólio de clientes e produtos, crescendo nos segmentos que avaliava ser adequado.  A expansão da carteira de crédito trouxe como consequência o aumento das provisões, mas o banco continuou entregando resultados, sugerindo uma expansão saudável.

A carteira de crédito bateu a marca de R$ 1,027 trilhão, com crescimento de 18,1% em relação a 2020.  O resultado ficou acima do que o banco projetava – entre 8,5% e 11,5%.

No ano, a margem financeira com clientes ficou em R$ 70,4 bilhões, com crescimento de 8,3%, também acima do previsto (entre 2,5% e 6,5%). Apenas no quarto trimestre, a alta foi de 24,3% para R$ 19,9 bilhões.

O banco disse que o resultado do último tri reflete o trabalho feito ao longo do ano para aumentar o volume de crédito e também o mix de produtos. Depois de focar em 2020 e parte de 2021 nos empréstimos com garantia  – imobiliário, veículos, consignado –, o banco voltou a dar mais espaço ao crédito clean, cujos spreads são mais altos.

A carteira de crédito de pessoa física no Brasil subiu 9,5% no trimestre e 30% em 12 meses.  A carteira de cartão de crédito avançou 15,5% no trimestre, para R$ 12 bilhões. O crédito pessoal teve alta de 9,8%, para R$ 41 bilhões.

O Itaú também reportou um recorde na originação de crédito imobiliário em 2021, com crescimento de 8,3% da carteira no trimestre e de 53,7% no ano.

Entre setembro e dezembro de 2021, a despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa foi de R$ 6,8 bilhões, 21% maior do que no 4TRI20. E o custo do crédito, que inclui a despesa de PDD, foi R$ 6,2 bilhões no quarto trimestre, alta de 2,8%. No 4TRI, a inadimplência ficou em 2,5%, menor do que os 2,6% do 3TRI e acima dos 2,3% do 4TRI20.

As receitas de serviços e seguros cresceram 5,8% no 4TRI21 em comparação com o mesmo período de 2020, impulsionadas pela expansão das receitas com cartão de crédito e débito, tanto em emissão quanto em adquirência e maiores ganhos com serviços de conta corrente, principalmente para clientes pessoa jurídica.

O Itaú também destacou o crescimento da operação digital – no quarto trimestre, 63% das contratações de produtos por pessoas físicas foram realizadas nesse canal. E o iti, após conquistar 4,7 milhões de clientes no quarto trimestre, ultrapassou a marca de 14,6 milhões de clientes – 86% deles não tinham relacionamento prévio com o banco.

O banco disse que deverá consumar este ano a compra de 11,38% do capital da XP, aprovada pelo Banco Central.