A ação do IRB disparou quase 31% depois que a resseguradora publicou um segundo trimestre que surpreendeu o mercado, que já havia precificado as piores expectativas depois da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul em maio. 

O IRB reportou um lucro líquido de R$ 65 milhões no trimestre, uma alta de 224% em relação ao mesmo período de 2023.

“Mesmo com os R$ 257 milhões (antes de impostos) em sinistros adicionais decorrentes das inundações, juntamente com R$ 107 milhões em provisões para sinistros futuros esperados, o líder de resseguros do Brasil ainda foi capaz de divulgar um lucro de R$ 65 milhões (6% ROE), queda de 18% tri/tri, mas aumento de mais de 3x a/a,” escreveu Eduardo Rosman, do BTG Pactual. 

Como ressegurador, o IRB fica com os riscos das seguradoras, mas ele próprio também contrata um “seguro de retrocessão” para sua proteção. Assim, diferentemente do esperado pelo mercado, os impactos do evento no Sul acabaram sendo divididos em toda a cadeia de seguros.

O IRB disse que a tragédia ainda afetará seus resultados nos próximos trimestres, mas em menor proporção, já que 70% do impacto ficou no tri reportado hoje. 

O BTG elevou de “neutra” para “compra” a recomendação para a ação, com preço-alvo de R$ 40. Rosman também reiterou a confiança na gestão do CEO Marcos Falcão, que assumiu a companhia em novembro de 2022; e disse que o segundo tri “foi uma redução enorme do risco.”

O papel fechou em alta de 30,66% a R$ 42,49, retomando o patamar anterior ao desastre. Em 3 de maio, a ação do IRB valia R$ 44,50 e, até o fechamento de ontem, acumulava perda de 27%. 

O índice combinado do IRB ficou em 106% no tri, alta de 1,5 ponto na comparação com o 2T23. O índice combinado relaciona as receitas (prêmios ganhos) e todas as despesas diretas das operações de resseguro e retrocessão; e é um indicador da performance do negócio. 

A sinistralidade melhorou 8,6 pontos e ficou em 65% – o indicador é o resultado da divisão entre sinistros retidos e prêmios ganhos em um determinado período. 

A solvência do IRB, que tanto já preocupou o mercado, está agora em  182% – o melhor patamar desde setembro de 2021.