Após mais um ano de prejuízos em 2021, o IRB está novamente preocupado com a sua solvência.
É o que relatam os analistas do Citi depois de uma conversa com o CFO Willy Otto Jordan Neto, no cargo há três meses.
“Um aumento de capital não está fora de cogitação neste momento,” os analistas escreveram em relatório publicado agora à tarde. Segundo o banco, o ressegurador também está avaliando outras opções para melhorar a estrutura de capital, como uma realocação de ativos e a venda de carteiras.
Willy disse aos analistas Gabriel Gusan, Roberta Versiani, Karina Martins e Jörg Friedmann que colocar o IRB de volta nos trilhos é muito mais desafiador do que as pessoas imaginam, porque se trata de transformar uma empresa que fingia ser lucrativa em uma que realmente seja.
Agora, o CEO Raphael Carvalho – empossado há quatro meses – está focando em mercados que podem ser rentáveis no longo prazo, como o Brasil e alguns países da América Latina, onde o IRB acredita ter vantagens competitivas.
Essa mudança, no entanto, terá um impacto negativo no crescimento dos prêmios no curto prazo.
Willy também disse aos analistas que por conta das incertezas atuais e pela profunda reestruturação na empresa, a nova gestão entende que a coisa mais responsável a fazer é não dar guidance ao mercado por enquanto.
As fraudes no IRB – na gestão da dupla José Cardoso e Fernando Passos, respectivamente os ex- CEO e CFO – foram descobertas depois que a Squadra Investimentos divulgou uma carta dizendo que estava short na empresa e questionando os seus resultados no início de 2020.
Naquele momento, enquanto o IRB entregava um ROE de 34%, a mediana do ROE entre as resseguradoras globais era próxima de 5%.
Em agosto de 2020, o IRB fez um aumento de capital de R$ 2,3 bilhões com o apoio dos principais acionistas: Itaú e Bradesco colocaram um total de R$ 600 milhões na empresa.
O Citi mantém sua recomendação de venda para o IRB com preço-alvo de R$ 3,70. A ação fechou hoje a R$ 3,32, em alta de 1,5%.